A médica Drª. Luciane Deboni faz orientações de prevenção aos pacientes e seus familiares. Transplantados fazem parte do grupo de risco no contágio do vírus e merecem atenção nos cuidados.
A médica Luciane Deboni, coordenadora de transplantes da Fundação Pró-Rim, orienta aos transplantados e aos seus familiares como proceder neste período de enfrentamento ao Covid-19.
Segundo ela, os transplantados têm imunidade baixa e devem seguir uma série de recomendações. As principais se relacionam à prevenção (evitar ao máximo sair de casa e lavar as mãos no mínimo a cada duas horas). As recomendações se estendem também aos familiares dos transplantados, mesmo os que não apresentam sintomas, mas precisam sair de casa. A médica garante que a vacina contra a gripe influenza é importante e deve ser tomada, porém, com a observância de toda a segurança possível ao se deslocar até o ponto de vacinação.
Pacientes transplantados fazem parte do grupo de risco?
Dra. Luciane – Sim, eles usam imunossupressores e isso diminui a imunidade. Dessa forma, se contrair o COVID-19, a defesa do organismo de lutar contra o vírus, fica prejudicada.
Como eles devem agir nesse período? Que cuidados devem ter?
Dra. Luciane – Para essas pessoas, todo cuidado é pouco. As recomendações de prevenção incluem:
- Ficar em casa.
- Sair somente por absoluta necessidade: consulta médica que não possa ser resolvida por telefone, procurar pronto atendimento por problema de saúde agudo (especialmente febre e falta de ar).
- Lavar as mãos com muita frequência, mesmo ficando em casa, no mínimo a cada 2 horas. E especialmente ter tocado em coisas que tenham vindo da rua.
- Evitar aglomerações e restringir contato social.
- Ficar em casa não significa convidar os parentes e vizinhos para visitas, e muito menos visitar outras pessoas. Ficar em casa somente com os membros da família que moram na mesma casa.
- Cumprimentar as pessoas de longe, NÃO APERTAR A MÃO, NÃO ABRAÇAO E NÃO BEIJAR;
- Evitar ao máximo colocar a mão no rosto (olhos , boca). Lavar as mãos antes de tocar o rosto.
- Limpar com água e detergente superfícies e objetos que são tocados com frequência, como mesas e celulares.
Pessoas que fazem parte do grupo de risco também devem tomar a vacina da gripe Influenza, pois dessa forma ficará mais fácil identificar possíveis casos de infecção por coronavírus.
Leia aqui as Ações de Prevenção e Contingência ao Coronavírus adotadas pela Pró-Rim.
Alguma recomendação sobre alimentação?
Dra. Luciane – Em relação a alimentação, não difere já a dada aos transplantados. Só atentar para a limpeza das embalagens ao chegar do supermercado, e das frutas e verduras antes de guardar e consumir. Lembrando que o vírus tem duração variável no ambiente externo. Por isso a importância da higienização adequada. De preferencia ao álcool 70%.
Muitos estão preocupados com relação à volta ao trabalho dos familiares. Isso aumenta o risco dos transplantados em contrair a doença?
Dra. Luciane – Pessoas que saem de casa têm mais risco d se contaminar, e mesmo não desenvolvendo sintomas podem contaminar outras pessoas, especialmente o grupo de risco (pessoas acima de 60 anos, portadores de doenças pulmonares, imunossuprimidos etc).
As pessoas da família que precisarem sair de casa devem seguir as seguintes orientações:
Levar somente essencial para rua (se possível, nem o celular, somente chave, carteira, o que for essencial. Não usar bolsa, mas uma sacola que possa ser lavada e que resista à máquina. Sair de casa com roupa que possa ser lavada e seca na maquina. Não usar adereços (joias aliança etc). Na rua, evitar ao máximo tocar em qualquer coisa como corrimão, portas e botões de elevador. Não encostar em ninguém, manter distanciadas pessoas de no mínimo um metro e meio.
Ao voltar para casa, não tocar em nada. Entrar direto na área de serviço (que deve ficar aberta) e já colocar tudo na máquina (cuidado com a contaminação da máquina por fora). Tirar a roupa e imediatamente tomar banho. Se possível, passar álcool gel nas mãos antes de entrar.
É ideal lavar sempre a roupa que veio da rua. Se não for possível, deixar essa roupa arejando no sol, fora de casa e usa-la novamente quando sair. No mínimo trocar a roupa assim que chegar em casa.
Atenção com os telefones: limpar com álcool 70% na entrada de casa, limpar após colocar roupas pra lavar e após limpar mãos. Limpar bem sempre que chegar e deixar no tanque até tomar banho e voltar para pegar e limpar mais uma vez antes de trazê-lo para dentro de casa.
Deve se isolar dos familiares dentro de casa?
Dra. Luciane – O ideal é que a pessoa de risco, como o transplantado tome o máximo de cuidado. É uma medida difícil de ser implementada, no entanto seria o ideal.
Se alguém na família tiver suspeita ou for diagnosticado com coronavírus? Se algum familiar apresentar qualquer sintoma (febre, tosse, falta de ar)?
Dra. Luciane – Essa pessoa precisa ser isolada em um quarto e deve entrar em contato com a unidade básica de saúde mais próxima pelo telefone 3481-5156. Manter a pessoa separada do resto da família. Copos, pratos, talheres, roupas, devem ser usados somente por essa pessoa e lavados separadamente.
Se um transplantado não se sentir bem o que deve fazer?
Dra. Luciane – Se sentir sintomas leves, ficar em casa e observar, lembrando que se procurar um serviço de saúde estará se expondo a mais doenças. No entanto se apresentar sintomas de falta de ar, ou cansaço para fazer as atividades da vida diária que antes não sentia deve sim procurar um serviço de saúde.
Deve usar máscara no dia-a-dia?
Dra. Luciane – A máscara dá uma falsa sensação de segurança, e nos faz esquecer de implementar as outras medidas que estão expostas no item 2. Portanto, ela sozinha não funciona e não é eficaz. Mas pode ser um lembrete para evitar colocar a mão no rosto. Para isso, as máscaras caseiras servem.
Leo Saballa
30/03/2020