O vírus pode penetrar nos rins e levar o paciente ao tratamento renal de emergência.
Os casos mais graves do Covid-19 têm levado pacientes à necessidade de internação nas Unidades de Terapia Intensiva – UTI e, muitas vezes, esses pacientes têm uma piora no quadro geral, causando problemas em outros órgãos vitais, como o coração, que leva à miocardite, e os rins, que evolui para insuficiência renal. Neste último caso, os doentes podem ser submetidos à diálise de emergência.
O médico e presidente da Fundação Pró-Rim, Marcos Alexandre Vieira, explica. “O vírus atinge, em grande parte, os pulmões, que leva a necessidade de utilizar a respiração mecânica. Isso pode evoluir para uma piora do quadro geral, seja pelo próprio vírus ou por uma síndrome inflamatória, que leva complicações para múltiplos órgãos. Em consequência, atinge os rins, causando injuria renal aguda, fazendo com que o organismo do paciente pare de filtrar o sangue. O procedimento a seguir é a terapia de substituição dos rins, chamada hemodiálise ou diálise peritoneal”.
O paciente que necessita de diálise na internação, após sua recuperação, vai precisar de acompanhamento regular de um nefrologista. “Em geral, nos casos de injúria renal aguda, o nefrologista avalia os primeiros trinta dias. Se o paciente permanecer com alterações, sem recuperação da função renal, é preciso uma investigação mais ampla, até mesmo com possibilidade de biópsia renal. Cada caso é avaliado individualmente pelo médico do paciente”, explica.
Dr. Vieira relembra que pessoas que já tenham doença renal estão entre os grupos de risco para vírus. “Quem faz hemodiálise, que já necessita se deslocar três vezes por semana para a realização do tratamento, e os já transplantados, além de terem a imunidade baixa, correm o risco de evoluir pior se contraírem o vírus, por isso a necessidade de se protegerem, ficarem isolados e lavarem as mãos frequentemente. Além disso, grande parte dos pacientes renais são hipertensos e diabéticos, que também são grupo de risco”, e finaliza recomendando “é muito importante que o paciente não se exponha e siga as recomendações”.
Novos estudos também relacionam a Covid-19 com os rins
Um estudo realizado pelo Hospital Geral em Wuhan, na China, indicou que 27% dos pacientes com a Covid-19 desenvolveram um quadro de insuficiência renal aguda. Entre os idosos e pessoas com outras doenças pré-existentes, essa condição se apresentou em mais de 60% dos casos. Para o estudo, foram avaliados 85 pacientes entre 21 e 92 anos internados.
Ainda conforme dados divulgados pelos pesquisadores, ao avaliarem o dano no tecido dos rins foi possível ver que o novo coronavírus estava presente inclusive nos túbulos renais.
“Muitos estudos ainda estão ocorrendo nesse sentido. Pouco ainda se sabe sobre como e porque o vírus afeta os rins e suas consequências. Esta é uma doença nova que temos muito a aprender. No momento o que podemos fazer de melhor, é seguir as recomendações dos órgãos oficiais”, finaliza Dr. Marcos.