Em comum, os pacientes que apresentaram os mesmos sintomas haviam consumido cervejas da marca Backer.
Insuficiência renal e problemas neurológicos são consequências da intoxicação por dietilenoglicol. Conheça a síndrome nefroneural, que causou internações e até mortes em Minas Gerais, por conta da intoxicação.
Nos últimos dias, temos acompanhado na imprensa nacional a divulgação dos casos de intoxicação ocorridos em Minas Gerais. A suspeita é que a intoxicação tenha ocorrido pela ingestão de dietilenoglicol (DEG) que estaria na composição das cervejas da marca Backer. Até recentemente chamada como “doença misteriosa”, a síndrome nefroneural traz consequências graves como a insuficiência renal e problemas neurológicos.
Casos de síndrome nefroneural não ocorrem com muita frequência. São poucos os dados sobre o tratamento e as conseqüências da síndrome. “Segundo pesquisas, os relatos de intoxicação por dietilenoglicol ocorreram geralmente em com um grande número de indivíduos, envenenados devido a presença da substância tóxica na preparação de produtos, como remédios e cosméticos. Hoje, os casos são muito raros devido a vigilância e regulamentação desse produto químico na produção”, explica o médico nefrologista Dr. Marcos Alexandre Vieira.
Sintomas
A síndrome nefroneural ocorre em três fases. Inicialmente, os pacientes apresentam sintomas gastrointestinais, como náusea, vômito, dores abdominais e diarreia. Também podem estar inebriados e apresentando pressão arterial baixa.
“A quantidade ingerida da substância vai determinar as consequências no organismo. Pequenas doses podem apresentar apenas os sintomas iniciais sem lesões mais graves. Nesse caso, independente da quantidade de ingestão do dietilenoglicol, a pessoa sentindo um destes sinais deve procurar atendimento médico urgente para avaliar seu quadro”, complementa Dr. Marcos.
A segunda fase deve acontecer cerca de 48 horas após a ingestão da substância. As manifestações de insuficiência renal aguda, como inchaço, dificuldade de urinar, fadiga e náuseas, levam o paciente a procurar o hospital. Caso não ocorra o tratamento adequado nessa fase, o indivíduo pode morrer em poucos dias.
Entre 5 a 10 dias ocorre a fase neurológica da síndrome, a qual se caracteriza pela perda visual, paralisia facial e atrofia das fibras musculares do rosto, podendo causar tetraparesia, perda das funções motoras dos quatro membros.
Diagnóstico
Inicialmente, os primeiros casos foram tratados como uma “doença misteriosa” até ser avaliada como síndrome nefroneural, isso porque, as informações sobre esse tipo de intoxicação são muito limitadas. “Para se chegar ao diagnóstico, como nestes casos, nos baseamos na história do paciente, em seu quadro clínico e nas anormalidades laboratoriais. É necessário a confirmação de ingestão da substância para um diagnóstico final”, explica o nefrologista.
Tratamento e consequências
Paciente poderá fazer a hemodiálise dependendo do seu quadro.
Sendo confirmada a ingestão por dietilenoglicol precocemente, mais eficaz será o processo de eliminação da substância no organismo, evitando a intoxicação. Um antídoto para o dietilenoglicol é o uso de etanol, administrado por via intravenosa. A hemodiálise de urgência é indicada pois filtra o sangue e auxilia na retirada da substância.
Em alguns casos, os pacientes podem se recuperar por completo, ou podem sofrer com lesões renais ou neurológicas permanentes, mas muitos acabam por falecer.
O que é o dietilenoglicol?
O dietilenoglicol (DEG) é usado como um componente em diferentes produtos, incluindo as preparações anticongelantes, lubrificantes, cosméticos, fluídos de freio, combustível de aquecimento/resfriamento e como plastificante. É um líquido claro, incolor e inodoro, de sabor adocicado, sendo um excelente solvente para produtos químicos e drogas insolúveis em água.
Setor de Comunicação
29/01/2020
