Mais de 1,4 mil pacientes renais aguardam para fazer hemodiálise em oito estados e no Distrito Federal. Eles sofrem com Doença renal crônica grave e não conseguem vagas para fazer hemodiálise em clínicas do SUS. Alguns especialistas chegam a falar em crise humanitária. A Fundação Pró-Rim está atendendo normalmente.
A Sociedade Brasileira de Nefrologia informa que todos os anos, cerca de 48 mil novos pacientes precisam de hemodiálise no Brasil. A espera no SUS está crescendo e coloca em risco a vida dessas pessoas.
Fila do transplante
A máquina que faz o papel dos rins e filtra o sangue é a única chance de sobrevivência para cerca de 150 mil brasileiros com doença renal crônica e grave. Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia – SBN. Desses, quase 36 mil estão na fila do transplante, que é uma solução mais difícil de alcançar com a queda das doações de órgãos e o reduzido número de equipes de captação e cirurgia.
O problema mais grave e urgente é que a falta de equipamentos e de vagas para sessões de hemodiálise vêm se agravando no Brasil, formando uma fila de quem simplesmente não pode esperar.
Gastos
“Tem o gasto direto, que é o fato de um paciente que pode fazer o tratamento ambulatorial precisar fazer esse tratamento em nível hospitalar, o que encarece o tratamento. Tem o gasto indireto, que é o fato de se estar ocupando um leito de hospital ou um leito de UTI que não precisaria estar sendo ocupado. E tem o gasto com o custo social, que é o impacto na vida do indivíduo e de seus familiares”, explica Lúcio Requião, secretário da Sociedade Brasileira de Nefrologia.
Segundo ele, a maioria das 872 clínicas de hemodiálise no Brasil é particular e conveniada com o SUS, que paga hoje R$ 218 por sessão. A Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante – ABCDT aponta a defasagem na remuneração como responsável pela falta de vagas, e acrescenta que os reajustes previstos são insuficientes e não levam em conta o número de pacientes por máquina.
Reajustes
“Saiu uma portaria agora que vai aumentar para R$ 229 e, nessa mesma portaria, já prevê um aumento em setembro para R$ 240. Nós teríamos que estar recebendo hoje em torno de R$ 320 por sessão de hemodiálise no Brasil. O tratamento da insuficiência renal crônica é vital. O paciente não pode ficar sem ele, porque não sobrevive”, afirma Yussif Ali Mere Júnior, da Associação Brasileira de Centros de Diálise e Transplante (ABCDT).
O Ministério da Saúde disse que, com o reajuste previsto, o governo vai investir R$ 600 milhões para aumentar a tabela do SUS e fazer a manutenção de equipamentos de hemodiálise; e que essa iniciativa faz parte da estratégia de fortalecimento da atenção especializada e redução do tempo de espera de pacientes por exames, procedimentos e cirurgias.
Pauta prioritária
Segundo o ministério, a pauta é prioritária do governo federal e esse valor representa um aumento de 15% em relação ao que foi repassado para esses serviços em 2022. O Ministério da Saúde lembra ainda que essas ações foram pactuadas com estados e municípios. O valor do incentivo vai ser de quase R$ 53,2 mil por equipamento para as clínicas que tenham entre uma e 19 máquinas de hemodiálise e de R$ 9.048 para os locais que têm entre 20 e 29 equipamentos.
Apesar dos esforços do MS, ainda é necessário para que a demanda de hemodiálise seja zerada, que o valor do procedimento pago pelo SUS alcance os patamares apurados pela ABCDT.
Leo Saballa — Comunicação Pró-Rim