“Dia D da Diálise” (27/08) enfatiza os desafios e problemas que as clínicas de nefrologia enfrentam para atender e garantir o tratamento dos renais crônicos. Com a pandemia, insumos dobraram de preços, profissionais foram afastados e número de atendimentos de hemodiálise aumentou, mas recursos do Governo não são suficientes.
Com a pandemia do Coronavírus, o setor de saúde vem enfrentando um grande desafio em todo o Brasil. Não é muito diferente para as clínicas de diálise, o tratamento que garante a vida dos pacientes renais crônicos também luta em meio à falta de investimento e de repasse do valor das sessões de hemodiálise. A necessidade de diálise por parte dos pacientes internados na UTI pela Covid-19 também traz preocupação com o possível aumento no número de pessoas que necessitam do tratamento e a falta de recursos destinados às clínicas da área.
Para reivindicar esses recursos e melhorias para o setor, pelo terceiro ano consecutivo será realizado o “Dia D da Diálise” em 27 de agosto. A campanha, que traz como slogan “Vidas Importam! A Diálise não pode parar” e organizada pela Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), conta com o apoio das clínicas de nefrologia, sociedade e governo para a mobilização em investimentos ao setor.
No Brasil, atualmente cerca de 140 mil pacientes renais dependem do tratamento de diálise para sobreviver e mais de 3 mil aguardam uma vaga para fazer o tratamento nas clínicas. A Fundação Pró-Rim, que apóia essa campanha, atende em suas três unidades localizadas em Santa Catarina mais de 400 pacientes em hemodiálise, e no estado do Tocantins cerca de 390 pacientes renais crônicos nas unidades de Palmas e Gurupi. O atendimento destes pacientes é 99% via Sistema Único de Saúde – SUS.
“A saúde nunca foi tão valorizada como nesse momento e, por isso, contamos com o apoio e protagonismo da população na luta por condições mais justas para pacientes renais e colaboradores da área. Muito há ainda a ser feito e continuamos trabalhando, sobretudo notificando os órgãos públicos sobre a grave crise financeira enfrentada pelo setor”, comenta o médico nefrologista Dr. Marcos Alexandre Vieira, presidente da ABCDT e da Fundação Pró-Rim.
Ele destaca ainda que os pacientes renais crônicos dependem única e exclusivamente das sessões de hemodiálise para sobreviverem. Segundo ele, a principal preocupação da Associação quanto à constante falta de investimento e de repasse do valor das sessões de hemodiálise está ligada à menor oferta de tratamento à população.
Covid-19: novos desafios mas sem recursos para as clínicas
Os casos mais graves do Covid-19 têm levado pacientes à necessidade de internação nas Unidades de Terapia Intensiva – UTI e, muitas vezes, esses pacientes têm uma piora no quadro geral, causando problemas em outros órgãos vitais, como o coração, que leva à miocardite, e os rins, que evolui para insuficiência renal. Neste último caso, os doentes podem ser submetidos à diálise de emergência.
Além dos novos casos de renais crônicos por conta da Covid, as clínicas também tiveram que lidar com a prevenção e segurança dos seus pacientes renais crônicos, os quais fazem parte do grupo de risco de contágio ao coronavírus. “Quem faz hemodiálise, que já necessita se deslocar três vezes por semana para a realização do tratamento, e os já transplantados, além de terem a imunidade baixa, correm o risco de evoluir pior se contraírem o vírus, por isso a necessidade de se protegerem. Além disso, grande parte dos pacientes renais são hipertensos e diabéticos, que também são grupo de risco”, enfatiza o nefrologista Dr. Marcos.
Em todo País são 800 clínicas de diálise que prestam serviços para o Sistema Único de Saúde (SUS), as quais viram o custo dos insumos aumentarem em meio à pandemia. “As clínicas tiveram que lidar com o reajuste dos EPIs e suprimentos, o afastamento dos profissionais infectados e o pagamento extra para cobrir estes funcionários, reestruturar as unidades para garantir o isolamento e a segurança dos pacientes, mas nada de recursos do Governo para cobrir estes novos gastos”, enfatiza o presidente da ABCDT.
Com a doação de empresas, instituições e entidades com equipamentos de segurança e prevenção, materiais de higiene e limpeza, diversas clínicas conseguiram manter seus estoques e garantir a segurança dos seus profissionais e pacientes, diante da falta e do aumento excessivo dos materiais.
Descaso histórico
Segundo a ABCTD, a falta de repasse do valor das sessões de hemodiálise, que ameaça o tratamento de milhares de pacientes renais, é realidade para dezenas de clínicas de diálise que prestam serviço ao SUS. O atraso no repasse do pagamento da Terapia Renal Substitutiva (TRS) pelas Secretarias de Saúde estaduais e municipais aos prestadores de serviço ao SUS está entre os problemas recorrentes na nefrologia. Muitos gestores chegam a atrasar em mais de 30 dias o repasse após a liberação do recurso pelo Ministério da Saúde.
Grande parte dos insumos, como produtos e maquinários são importados, além de gastos com dissídios trabalhistas, folha de pagamento, água, energia e impostos. Com todas essas despesas e a grave diferença de valor, muitas clínicas ameaçam encerrar suas atividades pela falta de recursos para compra de insumos para o atendimento aos pacientes. “Os valores não foram reajustados conforme a inflação. Hoje, recebemos R$194,20 por cada sessão, o que deveria ser o valor de R$ 258,00”, enfatiza o presidente.
Por conta disso, a Fundação Pró-Rim conta com a solidariedade da comunidade por meio de doações, as quais contribuem para manter o tratamento de diálise com qualidade e segurança para quase 800 pacientes renais crônicos.
Webinar no Dia D
Nesta quinta-feira (27/08), denominado o “Dia D da Diálise”, será realizado o webinar “O Impacto Social da Diálise” com a participação das principais entidades da área e da deputada Carmen Zanotto (ganhadora do prêmio Congresso em foco, por estar entre os 10 melhores deputados do Brasil). A conversa ocorre às 19 horas e será transmitido nos canais da ABCDT. Faça sua inscrição gratuita no link e receba o acesso ao webinar: https://vidasimportam.com.br/inscricao/
Sobre o Dia D da Diálise
Por conta da pandemia, este ano o evento será totalmente online. O ‘Dia D’ é realizado pela ABCDT como apoio da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Sociedade Brasileira de Enfermagem em Nefrologia (SOBEN), Federação Nacional de Associações de Pacientes Renais e Transplantados do Brasil (FENAPAR) e Aliança Brasileira de Apoio à Saúde Renal (Abrasrena). A Fundação Pró-Rim participa todos os anos da campanha via redes sociais, entrevistas e ações junto à comunidade. Mais informações sobre a campanha e a programação no site www.vidasimportam.com.br.