Conheça a jornada Luzimeire: da descoberta da doença renal ao retorno à terra natal
Ainda sem saber o que era, aos 20 anos de idade Luzimeire da Silva Barbosa começou a sentir os primeiros sintomas da doença renal crônica. Morando em Palmas, no Tocantins, ela fazia faculdade e sempre lanchava na instituição. Porém, sua pressão subia muito após comer salgadinhos ou embutidos e beber refrigerante.
“Fiquei hipertensa. Como eu era muito nova e não tinha conhecimento sobre a pressão alta, não dei importância. Eu só pensava em estudar e trabalhar. Um dia o farmacêutico disse que eu poderia ter um infarto”, recorda Luzimeire, hoje com 42 anos.
Quando olha para trás, Luzimeire percebe que muita coisa poderia ter sido diferente. Mas ao observar sua vida hoje, só tem razões para agradecer. Formada em técnico em análise clínica de laboratório, com um rim novo e um filho de oito anos, agradece por ter saúde.
Luzimeire fez seu tratamento e, agora, segue com acompanhamento na Fundação Pró-Rim. Parte de suas sessões de hemodiálise fez no Tocantins, mas também na clínica de São Bento do Sul e Joinville, em Santa Catarina. A paciente fez um primeiro transplante em outubro de 2008, um rim doado por sua irmã.
O sonho de ser mãe
Então, com o órgão novo e se sentindo melhor de saúde, acreditou que era hora de realizar seu grande sonho de ser mãe. Foi então que engravidou de Samuel da Silva Borges. Mas ela confessa que se descuidou um pouco e em muitos momentos deixava de tomar a medicação. “Fiquei com receio da má formação do feto por causa dos remédios. Fiquei sem tomar por um tempo. Depois que meu filho nasceu, quando ele já tinha dois anos, perdi meu rim novo”, recorda.
A paciente teve que retomar o tratamento. Ela já estava morando novamente no Tocantins, mas voltou para Santa Catarina com seu filho pequeno para fazer a hemodiálise e tentar um novo transplante. Foi então que, em agosto de 2023, chegou mais um rim para ela. A paciente realizou o transplante e continuou morando em Joinville para acompanhamento do novo órgão.
Em dezembro de 2024 entendeu que havia chegado a hora de voltar para o Tocantins com seu filho e ficar perto da família, dos seus pais e irmãos. A viagem de retorno iniciou no dia 18 de dezembro, já com esperança e alegria de passar o Natal em família.
Nos últimos dias em Joinville, Luzimeire já tinha deixado o local em que morava e precisou de um abrigo temporário. Foi então que buscou a Associação Catarinense dos Renais Crônicos (ACRC), uma casa de acolhimento para pacientes em trânsito. “Fui muito bem acolhida no local e só tenho razões para agradecer”, comenta.
Associação Catarinense dos Renais Crônicos
A instituição nasceu para acolher os pacientes renais que vão a Joinville realizar exames ou consultas, além de abrigar temporariamente aqueles que são transferidos para o município em busca de um tratamento renal.
A ACRC funciona como uma casa, tem quartos feminino e masculino, banheiros, sala de estar, cozinha e um espaço externo, inclusive para cultivo de uma horta. Em uma das salas existe um bazar com venda de roupas para arrecadar recursos e manter a casa. Essas roupas são todas de doações da comunidade.
Atualmente a ACRC conta com um caseiro que mora no local para administrar e receber os pacientes, Edivan Pereira. Ele é paciente renal já transplantado. “Eu cuido da casa, faço a limpeza, faço as refeições para os pacientes. Mas cada um também pode fazer sua própria refeição, se desejar, é bem livre”, explica Edivan.
O presidente da ACRC é outro paciente renal que faz hemodiálise na Pró-Rim, o Paulo Galicki. A diretoria é formada por um conselho entre os próprios pacientes, através de uma votação, com mandato de quatro anos. A associação existe desde 1996, e é fruto do sonho de dois pacientes renais à época, José Santana e Jurandir de Lima Matias. “Eles sentiram a necessidade de criar uma associação para manter e dar suporte aos pacientes”, explica Paulo Galicki.
Para saber mais sobre a ACRC, assista ao vídeo.
Josi Tromm Geisler — Comunicação Pró-Rim