O imunizante chega aos estados brasileiros em fevereiro, mas nem todos podem fazer uso
A vacina da dengue Qdenga chega em fevereiro aos estados brasileiros e com ela inúmeras dúvidas de quem pode ou não fazer uso do imunizante. A situação é preocupante em todo o Brasil. Nos estados em que a Fundação Pró-Rim tem suas clínicas – Tocantins e Santa Catarina, os casos só aumentam e já há registros de mortes.
Inicialmente, apenas crianças entre 10 e 14 anos terão acesso à vacina. Mas quando liberar para outras faixas etárias, será que todos poderão tomar a vacina da dengue? Será que os pacientes renais têm alguma restrição? E aqueles que já realizaram transplante de rim, poderão fazer uso do imunizante?
A médica nefrologista da Pró-Rim, dra. Gabriela Sevignani Bernardi responde:
Paciente renal pode tomar a vacina da dengue?
Dra. Gabriela Sevignani Bernardi: Muitos pacientes podem, sim. Mas precisam estar dentro da faixa etária autorizada para tomar a vacina, que é de 4 a 60 anos.
Mas existe alguma contraindicação? Tem paciente renal não pode fazer uso do imunizante?
Dra. Gabriela: A principal limitação para pacientes renais é o uso de medicações imunossupressoras. Então, muitos pacientes que estão em uso desse medicamento, em tratamento de alguma doença glomerular, alguma nefrite ou alguma glomerulopatia, e principalmente pacientes transplantados não podem tomar a vacina.
Então pacientes que já transplantaram não podem tomar a vacina?
Dra. Gabriela: Isso. Pacientes que já fizeram transplante não podem tomar a vacina. A vacina da dengue, assim como outras vacinas que são de vírus vivo atenuado, tem um risco para pacientes com a imunidade muito baixa, que são usuários crônicos de imunossupressão, então não podem utilizar o imunizante.
E qual a orientação para paciente renal que contrai a dengue?
Dra. Gabriela: A doença renal é um fator de risco para contrair a dengue, assim como a hipertensão, diabetes, pacientes idosos, são considerados pacientes de risco. Então, caso tenham algum sintoma de dengue, como febre, dor de cabeça, dor na região atrás dos olhos, dores no corpo, nos músculos, articulações, os pacientes devem procurar atendimento de urgência e emergência para passar por uma avaliação médica e fazer os exames laboratoriais necessários, pelo menos um hemograma. Para então avaliar a necessidade de ficar me observação ou até internação.
E a principal recomendação para quem contrai dengue é a hidratação. Mas o paciente renal precisa controlar a ingestão de líquidos. Qual a orientação para eles?
Dra. Gabriela: O tratamento para maior parte das pessoas incluem o repouso e bastante hidratação. No caso do paciente renal crônico, principalmente os que perderam a capacidade de urinar, é necessário um tratamento diferenciado, levando em consideração seu quadro clínico e a capacidade de urinar, pois não podem ingerir tanto líquido diariamente. O tratamento precisa ser individualizado.
Doença renal e a dengue
A dengue, doença transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypt infectado, é uma epidemia em diferentes estados brasileiros, com uma explosão de casos no início deste 2024. A orientação principal é o cuidado com o quintal e o uso de repelentes. E se apresentar qualquer sintoma, é preciso procurar uma unidade de saúde.
Destacamos aqui os riscos de um paciente renal crônico contrair o vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypt. Além disso, há possibilidade de qualquer pessoa que não seja paciente renal vir a ter complicações relacionadas aos rins, caso seja acometido com a dengue.
Nos casos de pessoas sem qualquer problema renal, a dengue pode trazer consequências futuras para os rins. Segundo o médico nefrologista da Fundação Pró-Rim, dr. Marcos Vieira, uma pessoa com dengue “pode desenvolver uma doença leve ou ter complicações maiores, uma delas é a injúria renal aguda ou IRA.
Geralmente a IRA acomete os pacientes que necessitam de internação hospitalar em virtude da infecção e a necessidade de diálise aumenta o risco naqueles pacientes que precisam de internação em UTI”.
Os principais fatores de risco para desenvolver uma injúria renal por dengue são idade avançada, febre hemorrágica, diabetes mellitus, obesidade, doença renal crônica prévia, sexo masculino e lesões musculares chamada de rabdomiólise. “Quanto mais grave o quadro maior as chances de os rins também terem danos, alerta o dr. Marcos.
Para saber mais sobre este assunto, acesse nosso conteúdo “A dengue e suas consequências para os rins”.
Principais sintomas da dengue:
Febre alta (39ºC a 40ºC)
Dor de cabeça intensa
Dor atrás dos olhos
Dores musculares e articulares
Náusea e vômito
Manchas vermelhas no corpo
Josi Tromm Geisler — Comunicação Pró-Rim