
“José” é um homem de 50 anos, engenheiro, estressado com o trabalho e com uma linda família, dois filhos e esposa. Ele tem hipertensão arterial há mais de 10 anos e diabete melito. Usa insulina e comprimidos. Seu colesterol é normal, apesar de não fazer exercícios e ter uma barriguinha. Ele adora se reunir com os amigos para um bate papo regado a chope e linguicinha. A vida moderna nos leva para esse caminho. Comida em abundância, pouco exercício e muita ansiedade.
Acredito que você conhece alguém assim e que pode ter pressão alta ou diabete. O que as pessoas não sabem é que estas doenças são causadoras de outra doença silenciosa, com poucos sinais e sintomas e progressiva chamada doença renal crônica, que afeta milhões de pessoas e em seu estágio mais avançado tem como consequência a falência dos rins. Isto é, eles param de filtrar o sangue e de eliminar pela urina as impurezas que produzimos todos os dias. Neste momento, é indicado um tratamento que substitui a função dos rins, a diálise ou o transplante renal.
Nos últimos dias, aconteceu a “Semana do paciente renal”, momento em que nos reunimos com os pacientes para discutir como melhorar o tratamento, trazer inovações e ter qualidade de vida, mesmo com um problema tão grave. Em Joinville mais de 400 pessoas fazem diálise e as histórias relatadas pelos pacientes são impressionantes, obviamente únicas e definitivamente uma verdadeira luta de amor à vida.
Imagine o médico lhe avisar que seus rins não estão mais funcionando e terá que a partir de hoje realizar hemodiálise para purificar seu sangue. Terá limitações na sua dieta como evitar alimentos ricos em potássio como bananas e cuidar com a quantidade de água que consome, pois pode lhe prejudicar e causar problemas cardíacos. Aquele copo cheio de água de uma vez só passa a ser um desejo proibido igual a uma “costelada”.
Há cerca de cinquenta anos, alguns médicos deram oportunidade para estas pessoas viverem mais através de um tratamento inovador chamado de hemodiálise. Ao longo destes anos o conhecimento da doença e a tecnologia fizeram com que os pacientes se sentissem melhor durante o tratamento e pudessem criar um ambiente com maior qualidade de vida. A comunidade cientifica e os governos ainda têm muito a fazer para vencer esta difícil doença, como melhor financiamento para o tratamento e para pesquisa, em busca da cura.
Aqueles que não têm o diagnóstico de doença renal crônica devem conversar com o seu médico. Uma consulta e alguns poucos exames, especialmente o de creatinina, parcial de urina e microalbuminúria previnem problemas renais e promovem qualidade de vida.
Tentamos promover nesta semana mais conhecimento, melhorias no tratamento, confraternização e um ambiente fraterno de cuidado e amor ao próximo. Previna-se e celebre a vida!
Dr. Marcos Alexandre Vieira – Médico Nefrologista
Presidente da Fundação Pró-Rim
Por: Dr. Marcos Alexandre Vieira – Médico Nefrologista – CRM/SC 9.581