
Há quase dois anos Valdevino Pereira de 64 anos faz hemodiálise três vezes por semana, é diabético, e traz consigo uma grande história de vida.
Apesar de todas as peças que a vida já lhe pregou, ele nunca perdeu a vontade de fazer o bem e compartilhar o amor. Já a partir dos 7 anos de idade trabalhava para garantir moradia e alimentação, morou longe dos pais, não teve a oportunidade de estudar, mas sempre teve muita garra para correr atrás do que queria.
Já adulto veio para Joinville (SC), casou-se, teve 3 filhos e hoje tem netos. Uma vida marcada por tristezas alimentou a vontade de fazer o bem, de levar o amor, de mostrar o lado bom de uma pessoa tão sofrida. Há quase 20 anos, cultiva a barba de Noel e todos os Natais veste-se de Papai Noel para encantar crianças e adultos.
Seu maior desejo é poder realizar o pedido de todas as crianças e essa é uma das coisas que mais frustra o coração do bom velhinho: “às vezes as crianças me fazem pedidos que realmente não posso atender, quando consigo peço contribuição nas lojas, mas é muito difícil. Se eu tivesse dinheiro, iria comprar todos os presentes pedidos”, conta o Noel com lágrimas nos olhos.
O sofrimento por não poder presentear as crianças o leva a crer ainda mais na força do amor, sempre deseja o bem às pessoas e principalmente, que elas nunca percam o espírito natalino, que sejam menos “malvadas” e mais amorosas umas com as outras.
“Se as pessoas se amassem mais, não haveria tantas coisas ruins no mundo”
Embora seja tão sábio em relação à vida, não recebeu instruções desde cedo sobre cuidados com saúde e por isso hoje precisa fazer hemodiálise.
Para muitos essas sessões poderiam ser um martírio e até mesmo um motivo para ser mal humorado e revoltado, mas para Valdevino é diferente: “eu sei que preciso desse tratamento, sei que preciso cuidar com a minha alimentação e nem por isso vou desistir de lutar. A vida me ensinou a ter força e muita fé para ultrapassar obstáculos e se o que me mantém vivo é este tratamento, eu faço porque gosto de viver”, conta.
Sobre ser Papai Noel Valdevino foi o tradicional Papai Noel da década de 80/90 em Joinville, Santa Catarina, tirou inúmeras fotos com crianças nos Shoppings Americanas, Mueller entre tantos outros da cidade: “Eu gosto de ser Papai Noel, me aperfeiçôo a cada ano. Quem diz que não sou Papai Noel é porque não gosta!
Mas tem muitas pessoas que gostam.” Ele ainda conta que não gosta de quando os “Papais Noeis” se vestem e colocam barbas de algodão: “Existem muitas diferenças entre quem não tem o espírito de natal. Papai Noel de verdade cuida da barba, das crianças, faz a coisa certa com amor às pessoas. Quando vejo um que não é de verdade, digo para as crianças puxarem a barba,” comenta com graça.
Quando pedimos que ele sorrisse para uma foto, enquanto estava na máquina de hemodiálise ele hesitou: “Não consigo sorrir assim, meu riso é para as crianças, só vendo o sorriso verdadeiro delas consigo sorrir.” Ele diz que criança não tem maldade, criança tem pureza no coração e isso o alegra.