
O paciente que necessita fazer hemodiálise passa por diversas limitações e mudanças no seu cotidiano, vivenciando perdas biopsicossociais que poderão gerar várias repercussões em sua vida causando descontentamentos.
A percepção que paciente tem de sua própria vida passa a ser muitas vezes distorcida. Os sentimentos, pensamentos e emoções podem afetar a sua qualidade de vida negativamente.
Segundo Organização Mundial de Saúde, Qualidade de vida é definida pela “a percepção do indivíduo acerca de sua posição na vida, no contexto cultural e sistema de valores do local onde vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. (Ravagnani, et al 2007)
A percepção de sua nova condição de vida após começar a fazer hemodiálise pode sofrer alterações, e é diferente para cada individuo. A forma que o paciente vive e se relacionam com a doença renal crônica e seu tratamento é único e pessoal, alguns desenvolvem comportamentos de enfrentamento adaptando-se ao a nova condição de vida, outros podem apresentar problemas emocionais que irão influenciar negativamente no tratamento.
Nos atendimentos psicológicos é frequente nos depararmos com paciente com humor depressivo, está alteração emocional geralmente significa uma resposta a perda real ou imaginada, nem sempre configurado um Transtorno Depressivo, mas sim uma autoimagem prejudicada, sentimentos disfuncionais, tristeza, além de queixas fisiológicas como distúrbio de sono, alterações de apetite e peso.
É notável que a qualidade de vida dos renais crônicos em tratamento hemodialítico sofre influência de fatores físicos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais, também apresentam dependência de uma máquina, o cotidiano do paciente passa a ser controlado em função das restrições impostas pela patologia (Trentini, 2004).
Então, é possível ter qualidade de vida após iniciar tratamento para doença renal crônica?
Irá depender de como o paciente percebe o tratamento, suas experiências anteriores com problemas de saúde, e o suporte que este recebe tanto da equipe de saúde como de seus familiares.
O paciente precisará ser levado a pensar em seu tratamento como uma forma de viver com uma doença crônica e ter a possibilidade de trata-la. Assim como, ele precisará ter informações sobre todas as restrições impostas pelo tratamento e assumir a responsabilidade de aderi-las. É necessário conhecer melhor a tratamento e as intercorrências que possam ocorrer.
O paciente após adaptar-se ao tratamento, precisará reorganizar sua nova condição e vida e de saúde, pensando dentre as limitações e perdas como será possível seguir sua vida com qualidade.
Referências:
Ravagnani LMB, et al. Qualidade de vida e estratégias de enfrentamento em pacientes submetidos a transplante renal. Estudos de Psicologia [Internet]. 2007. Disponível em https://www.scielo.br/pdf/epsic/v12n2/a10v12n2
Trentini M, Corradi EM, Araudi MAR, Tigrinbo FC. Qualidade de vida de pessoas dependentes de hemodiálise considerando alguns aspectos físicos, sociais e emocionais. Texto Contexto Enferm 2004. Disponível em https://www.redalyc.org/pdf/714/71413111.pdf
Por: Flavia Barbosa Martins – Psicóloga Pró-Rim – CRP 12/05445