
Dr. Artur Ricardo Wendhausen, nefrologista pediátrico da Pró-Rim, é conhecido pela boa conversa e pelo sorriso sempre presente. Há anos na fundação, ele atua na área clínica, e se dedica a um tipo de pacientes duplamente especial. Se o campo da nefrologia exige uma atenção contínua do médico, pela complexidade das patologias e pela interferência profunda na vida de quem sofre esse tipo de enfermidade, ainda mais delicado é o tratamento pediátrico renal. Neste caso, além da fragilidade própria da criança, seu sofrimento atinge intensamente a família, o que solicita do médico um trabalho mais profundo do que o tratamento da doença simplesmente. Dr. Artur conhece bem essa realidade: “A pediatria aguça mais a observação do médico. É uma especialidade em movimento. Cada fase na vida da criança é específica e exige um olhar e uma atenção especial,” comenta.
Há mais de 30 anos estudando e exercendo a medicina, Dr. Artur nunca teve dúvida sobre a profissão que escolheu exercer. Nascido em Capivari de Baixo, fez uma escolha bem distinta que a de outros jovens conterrâneos seus. A região é conhecida pela produção de carvão e pelo Complexo Termoelétrico Jorge Lacerda, que às margens da BR 101 saúda a quem passa pela cidade. Os amigos de Artur tomaram naturalmente a direção da engenharia, se tornaram técnicos em eletrônica, profissões que gravitam ao redor da termoelétrica. Ele não. Sem saber explicar o porquê, ele sempre gostou de medicina, e por isso muito cedo precisou sair de casa.
Em 1983, Florianópolis era o único destino para quem quisesse aprender a ser médico no estado. Com 15 anos, garoto ainda, foi para lá fazer o 3º ano do então segundo grau, última etapa antes de enfrentar o vestibular. Aos 18 começou a fazer a faculdade. “Fui morar numa república. Lavava, cozinhava e passava, me virava sozinho. Comia em restaurante universitário. Não tinha celular, linha telefônica. Ligar para a família só de vez em quando,” lembra.
As dificuldades o fizeram duvidar da própria capacidade em enfrentar desafios tão grandes. E não foi sem motivo. Quanto mais o curso de medicina se aprofunda, mais exigente se torna a rotina de trabalho e estudo que impõe aos seus doutorandos. Dr. Artur explica: “A gente tinha plantão noturno, estudava o dia inteiro, dormia pouco. O jovem consegue suportar esta carga de trabalho excessivo.” Além disso, a relação entre estudantes e mestres não era das mais amigáveis: “Os professores não nos dirigiam a palavra. Nós morríamos de medo deles.”
Hoje Dr. Artur reconhece a importância da experiência que viveu para o homem e o médico que ele é agora. Quando olha para trás, vê o quanto cresceu naquele momento. “Não amadureci normalmente, mas numa estufa, como se faz com uma fruta,” brinca. O médico diz ter saudade daqueles tempos: “Foi uma experiência de vida espetacular.” E conclui: “Terminei a faculdade com 24 anos e com uma bagagem emocional muito grande. Para mim foi importante ter o parafuso sempre apertado.”
A paixão pela medicina só perde para a paixão que ele sente pelos filhos. Quando fala de seus pacientes, Dr. Artur não esconde o orgulho. “Olho para um paciente e penso: é por causa da minha participação que essa pessoa está viva, que ela pôde reproduzir, ter sua família.” Apesar do rotina cansativa ele se diz satisfeito. “Tenho tanto prazer em ir trabalhar quanto em ir para uma festa dançar e beber junto com os amigos.”
Fazer a diferença na vida dos outros
A Dra. Camila Mendes de Oliveira, de 26 anos, está no primeiro ano da especialização exigida para quem quer seguir a profissão de nefrologista. Ela deixou a família em Goiânia para fazer residência na Pró-Rim. Esta fase do processo de formação é particularmente dura, e Camila sente bem os seus efeitos. Todos os dias, praticamente sem intervalos, ela se submete a uma carga horária exaustiva. “A gente chega no hospital e não tem hora para sair. Se faço plantão no fim de semana, quase sempre na segunda-feira eu também trabalho,” conta.
Camila decidiu ser médica por um motivo muito simples, queria ajudar as pessoas. Sua vontade é o quanto possível fazer a diferença na vida dos outros. “Os pacientes estão debilitados, com múltiplas doenças, estão carentes em todos os aspectos. A gente tenta ajudar como pode ou até mais,” confidencia. Enquanto fala, seu olhar denota cansaço, seu sorriso tímido, entretanto, demonstra o contentamento que sente em fazer o que faz. “Me sinto realizada em poder ajudar por pouco que seja.”
Longe de casa e com pouco tempo para dedicar a si mesma, a residente confessa: “A gente é testado a cada momento, tem vontade de desistir a cada segundo.” Ao mesmo tempo, se diz determinada em seguir adiante. “Parece que tem uma força que não deixa a gente desanimar.” Mesmo com dificuldade, Camila compreende que esta é apenas uma etapa, e que as dificuldades do presente não vão durar para sempre. “A residência é o máximo, não quero isso para a vida inteira. Eu preciso passar por isso para depois poder casar, ter meus filhos.”