Oscar Wilde dizia que o segredo da vida está na arte. Para a paciente renal Natália Fernandes, essa frase aplica-se de forma concreta. Foi através do amor à arte e sua luta pela vida que encontrou e criou um verdadeiro laço de amizade com o artista plástico gaúcho Luciano Martins. Com ateliê e galeria em Florianópolis-SC, o artista que possui como marca os traços lúdicos, cores vibrantes e temas otimistas, tem mais de 15 anos de pinturas e quase 70 mostras em seu currículo, entre elas algumas exposições internacionais em países como Itália, França, Portugal, EUA e Argentina.
Natália, natural de Uberaba – MG, mudou-se para SC em 2012 em busca da realização do seu sonhado transplante renal. Foi nesse momento que conheceu o trabalho de Luciano Martins. A partir daí, duas histórias passaram a caminhar juntas: sua relação com o artista e sua vontade de viver. Hoje, Natália já conseguiu seu transplante e esteve pessoalmente várias vezes no ateliê de Luciano. Levou a Pró-Rim junto com ela, ao fazer um pedido especial ao artista.
Pressão alta e doença renal
Como ocorre com a maioria dos pacientes, Natália descobriu a Doença Renal Crônica por acaso. Quando tinha 28 anos soube que possuía pressão alta e que isso havia feito seus rins pararem. “Eu tinha hipertensão arterial, mas achava que era enxaqueca e tratei dessa forma por cinco anos. Os medicamentos mascaravam a pressão alta. Então, quando fui diagnosticada, meus rins já estavam comprometidos”, conta.
Começou a fazer hemodiálise em 2007, nessa época entrou em lista para o transplante renal na cidade de São Paulo. Por meio do incentivo da equipe da clínica onde dialisava, ela foi buscar mais informações sobre a Pró-Rim. “Eles me aconselharam a ir atrás do transplante renal porque eu era muito nova para ficar presa na máquina”, conta Natália.
Com apenas cinco meses após entrar em lista pela Pró-Rim em SC, Natália foi chamada para realizar o transplante, “foi um sonho. Eu morava em um apartamento onde o sinal do celular era muito ruim. Quando os médicos ligaram meu celular estava fora de área, então eles entraram em contato com um colega da hemodiálise que morava perto e ele foi a minha casa avisar. Foi tudo muito rápido, lembro como se fosse hoje”.
O encontro e o encanto com a arte de Luciano Martins
Apreciadora de arte, Natália tem um jeito simples e amoroso de lidar com as pessoas, é simpática, cativa facilmente quem está ao seu redor e foi com essa simplicidade que ela conheceu seu artista plástico preferido e foi com a mesma simplicidade que ele a acolheu. “Um dia estava na internet conheci a arte do Luciano, fiquei encantada. Tudo que ele faz reflete muita alegria e paz. Fiz uma publicação no Facebook falando sobre ele e ele curtiu e comentou. Fiquei muito feliz. Achei que ele não iria ver. Na mesma hora pedi para ir conhecê-lo”.
Foi para Florianópolis em seu ateliê conhecê-lo.“Ele tem alma de artista, é simples e tudo que passa na arte que faz é realidade na sua vida”. Luciano disse ter a mesma impressão, “Natália chegou curiosa, foi muito espontânea, me senti muito contente por ter certeza que estava conseguindo tocar as pessoas através da arte. Depois da primeira visita ela ainda voltou várias vezes e é uma honra ter sua amizade”, completa Luciano.
Uma arte para a Pró-Rim
Luciano ainda contou que Natália falou sobre o tratamento renal e desde o primeiro encontro não pediu nada para ela e sim para a Pró-Rim, “fiquei surpreso quando ela disse que gostaria que eu apoiasse a Pró-Rim com algum desenho, ela tem muito amor pela Instituição. Coloquei-me à disposição e logo teremos novidades sobre essa parceria”, adianta.
Natália lhe relatou sobre toda sua batalha com a doença renal, sobre suas cirurgias e desafios. O artista que só conhecia o tratamento da hemodiálise por ouvir falar se disse surpreso com tamanha coragem, “sabia superficialmente sobre doença renal crônica, após ouvir a história da Natália fiquei surpreso com sua determinação. Todo tratamento foi muito dolorido não somente para o corpo, mas para a alma e ela sempre está sorrindo, nos transmite alegria, vontade de viver”, comenta o artista.
Não foi só a arte de Luciano Martins que mexeu com a Natália. A paciente renal contagiou o artista. “Todos deveriam ter a sede de viver como a Natália, ela está sempre com sorriso no rosto. São pessoas assim que nos motivam a sempre continuar a levar a arte aos quatro cantos do mundo”, ressalta.
Danielle Valin
06/01/2016 – Atualizado em 11/02/2019