
Imagine ler até cinco livros em um mês. É isto que Luiz Polet Borba, 75 anos, tem feito nos últimos dois anos. Desde que ele começou o tratamento de hemodiálise, os livros têm sido companheiros durante as quatro horas de cada sessão que realiza três vezes por semana. “Antes eu não tinha tempo e na hemodiálise consegui aprimorar minha leitura”, conta.
Luiz afirma que lê todos os gêneros literários, mas tem preferência por um não muito comum. Ele gosta de ler sobre civilizações antigas, especialmente sobre o Egito. Na sua biblioteca particular, já são mais 3 mil livros. Como Luiz já ficou conhecido na Pró-Rim pelo hábito da leitura, também virou referência para alguns funcionários que começaram a fazer “empréstimos” de livros. “Os que mais empresto são os romances”, relata.
O interesse pela leitura começou ainda na década de 50 lendo gibis. Entre as histórias da época estavam as de faroeste como “Homem Fantasma” e “Cavaleiro Negro”. “Foi nessa época que desenvolvi meu amor pela leitura”, afirma. Um fato curioso é que para poder ler, Luiz precisava se esconder. “Os mais velhos achavam que aquilo não prestava”, conta.
Já a necessidade de uma atenção especial aos rins veio de um acidente quanto tinha 20 anos e teve de retirar um dos rins. Por um tempo, Luiz cuidou da saúde e percebeu que vivia bem apenas com um rim, até aparecerem os problemas de pressão.
Quando Luiz está lendo durante as sessões de hemodiálise, ele conta ter a sensação de estar viajando. “Esqueço totalmente que estou na hemodiálise. Não ouço nem a voz das pessoas ao redor”, afirma. Como sempre gostou de ler, foi fácil retomar o hábito, mas ele tem uma resposta para entender porque muitas pessoas passam as quatro horas da sessão sem ler: “quando as pessoas não têm tempo livre (quando trabalham) acabam não tendo costume de ler”, explica.
A dica de Luiz para quem quer começar é simples: “comece por um livro pequeno.”