
João Maria, 82 anos, não tem mais a função renal. Por causa do diabetes também perdeu a sua visão. Além disso, tem pouca capacidade auditiva. Há um ano vivencia a dura rotina das sessões da hemodiálise que é aliviada graças a um importante suporte: o cuidado especial de sua filha.
Zerli de Moraes, 45 anos, é a filha caçula de 8 irmãos. Cada um faz a sua parte no cuidado com o pai. A dela envolve o acompanhamento no tratamento de hemodiálise de seu pai, na unidade renal localizada no Hospital e Maternidade São José, em Jaraguá do Sul. Motivos? São dois em especial. Zerli já tem experiência no assunto. Sua mãe também fez hemodiálise por cinco anos em São Lourenço do Oeste/SC. A outra razão é que a filha é parceira da equipe de saúde da unidade de hemodiálise no que envolve a especial comunicação que o pai precisa.
Cego e com baixa audição, João Maria tem insuficiência renal e há um ano faz hemodiálise, três vezes na semana, cerca de quadro horas por dia. Além disso, é bem reservado e prefere se comunicar apenas com a filha. Quando ele precisa de alguma coisa, bate palmas, assim a equipe de enfermagem chama Zerli que fica na recepção aguardando. “Geralmente ele me chama quando sente câimbra, ele é muito tímido e por isso prefere me chamar. Mesmo assim, ele tem um bom relacionamento com a equipe, elas fazem de tudo para que ele se sinta à vontade”, explica Zerli.
Na hora do lanche, Zerli também é acionada, ela o ajuda a comer e depois novamente fica na sala de espera. “Como não é possível ter acompanhantes na sala de hemodiálise fico na recepção, já me acostumei com essa rotina e é gratificante poder fazer isso por ele”, diz Zerli.
Segundo a psicóloga da Unidade de hemodiálise Solange Imhof a experiência de pai e filha que eles presenciam a cada sessão de hemodiálise é exemplar: “Srª Zerli acompanha o pai em todas as sessões de hemodiálise e permanece de prontidão na recepção, transmitindo segurança para o paciente devido a dificuldade auditiva, motora e visual. A atenção, o apoio e o carinho dos familiares são sempre bem-vindos no tratamento hemodialítico e reflete positivamente na adesão e qualidade de vida do paciente.”
Três anos após o falecimento da mãe, Zerli se mudou para Jaraguá do Sul, com os dois filhos de 18 e 28 anos para a missão de cuidar do pai. Para ela Dia dos Pais é todo dia e o presente de amor será um dia retribuído. “Quando me perguntam sobre isso sempre digo que faço por amor e que um dia, se eu precisar espero que meus filhos também façam isso por mim. Hoje em dia, eles também me ajudam muito na rotina de cuidados com meu pai”.