
João Antônio Alberto da Silva, 24 anos, é um jovem sorridente, espontâneo e feliz. Que trabalha, gosta de futebol, praticar exercícios físicos e se divertir com os amigos. Uma pessoa como tantas outras e com infinitas possibilidades de viver a vida.
Mas, nem sempre João enxergou a vida desta forma. Diagnosticado com insuficiência renal crônica aos 17 anos, ele se fechou para o mundo. Deixou de falar com as pessoas que mais gostava, de jogar futebol e até estudar. “Foi difícil aceitar a doença nesta fase.
Eu simplesmente criei obstáculos na minha cabeça e tornei tudo difícil, foi uma fase triste”, revela. De repente uma pergunta mudou tudo: por que eu não posso viver? João havia amadurecido em decorrência da doença e mesmo numa máquina de hemodiálise percebeu que existiam muitas possibilidades dele ter uma vida boa.Com novos hábitos, é claro.
Junto com a família saiu de Mato Grosso, pois o estado não oferece o serviço de transplantes e foi para São Paulo. Na família de João não havia doadores e a chance só poderia vir de um doador cadáver. João esperou, foi paciente. Por quatro anos aguardou em lista no estado até descobrir que em Santa Catarina (SC) as chances eram maiores, pois o estado está entre os primeiros com menos pessoas em lista, principalmente para o transplante renal.
E foi assim que ele conheceu a Fundação Pró-Rim. “Entrei no site da Fundação e não acreditei na quantidade de pessoas que em pouco tempo tinham transplantado”. João procurou pela equipe de Assistentes Sociais em Joinville, veio para a primeira consulta com a mãe e entrou para a lista de SC.
Até que se estabelecessem, o pai de João havia ficado em São Paulo, mas em pouco tempo todos estavam juntos novamente e empregados, inclusive João, o mais novo operador de telemarketing do Call Center da Pró-Rim .
Enquanto realizava as sessões de hemodiálise na unidade Vida Center João continuava sua rotina de ligar para diversas pessoas do Brasil e pedir doação. “Nunca usei minha doença para conseguir nada, mas eu era uma prova viva de que aquelas contribuições representavam meu tratamento dia após dia e minha vida”, conta.
No dia 7 de junho ao invés de ligar foi João quem atendeu ao telefone, era o seu novo rim que havia chegado depois dos 8 anos de sessões semanais em diálise. “Eu estava mais tranquilo do que meus companheiros de trabalho que se emocionaram muito com a notícia”, comenta.
Era muita emoção, tanta que João só acreditou que havia conseguido depois de acordar da cirurgia. “Voltar a fazer xixi, algo simples, mas para mim era uma sensação inexplicável, emocionante e de muita felicidade. Tomar água novamente, nem se fala, eu havia conseguido e tudo pelo SIM de uma família. Sinto gratidão e amor por eles, mesmo sem ter chegado a conhecê-los”.
Para João a doação entre vivos é um ato nobre de amor, mais ainda quando isso acontece num momento tão difícil e a resposta da família é SIM, dando continuidade a vida de tantas outras pessoas, como na de João.