
Para Jairo Costa Santos, o Dia dos Pais deste ano vai ter um significado muito especial. Ele sempre sonhou com um filho para dar mais sentido à sua vida. No entanto, a vida lhe surpreendeu e impôs as mais duras dificuldades. Foi obrigado a lutar todos os dias para permanecer vivo. Para entender o porquê de essa história ser tão emocionante, é preciso voltar alguns anos no tempo.
Jairo mora em Palmas (TO) e conheceu Danielly em 2012. Logo se apaixonou pela garota de 23 anos, que fazia a faculdade de história. Naquele momento decidiu não revelar a ela que sofria de doença renal crônica e nem contou que os seus rins funcionavam de forma insuficiente, com apenas 30% da sua capacidade. Ficou com medo que a namorada recém-conquistada se afastasse de um relacionamento que certamente seria problemático. No fundo, nem ele tinha consciência da real gravidade do seu estado de saúde.
Após um mês do namoro o rapaz sofreu uma crise e precisou iniciar o tratamento de hemodiálise. Foi o primeiro contato que teve com a Fundação Pró-Rim, referência nacional em tratamento e transplante renal, também responsável pela Unidade de Hemodiálise de Palmas (TO). A partir daquele momento descobriu em Danielly a grande parceira da sua vida. Na sequência ela o acompanhou todos os dias, por três anos, na diálise peritoneal. Pesquisou a fundo sobre a doença e se transformou também em uma espécie de enfermeira particular.
Inconformada com as limitações impostas pela doença, a namorada passou a incentivá-lo a realizar o transplante. Queria vê-lo livre dos equipamentos acoplados ao corpo. Além de compreender esta necessidade, Jairo acabou também por convencer o irmão a doar um rim para ele.
Em maio de 2014 os irmãos viajaram para Joinville (SC), matriz da Fundação Pró-Rim, mas os exames revelaram incompatibilidade para o transplante. O irmão retornou para Tocantins e Jairo foi convencido pela equipe a ficar, principalmente pela médica, Dra. Flora Vaz, que o acompanhou nesta etapa. Superada a frustração inicial, a esperança agora seria esperar por um rim de doador falecido. Permaneceu sozinho em Joinville por mais cinco meses até que decidiu voltar para casa. A saudade da família e especialmente da namorada, pesaram nesta decisão.
Ao chegar a Palmas (TO), a primeira providência foi organizar o casamento que ocorreu em dois de dezembro daquele ano. Em seguida Danielly trancou a matrícula na faculdade, postergando um sonho para alcançar outro que não podia esperar. Nove dias depois estavam voando para Joinville, com o objetivo de retomar o tão esperado transplante. Desta vez o plano era alugar uma casa e ficar o tempo que fosse necessário. Afinal, o casal alimentou muitos sonhos e o principal deles era gerar e criar um filho. Mas, para isso acontecer seria preciso reconquistar a saúde de Jairo.
Em 16 de março de 2015, Jairo recebeu a notícia que tanto esperava. Era a equipe da Pró-Rim informando que havia um rim para ele. O transplante aconteceu em algumas horas, no Hospital Municipal São José, dentro da mais completa normalidade. A recuperação foi rápida e o casal voltou de mudança para Palmas. Na bagagem, a primeira grande etapa vencida e a certeza que a vida ainda tinha muito a lhes oferecer.
Apenas um ano depois do transplante, o casal realizava mais um grande sonho. A tão desejada gravidez. Danielly voltou do médico com um envelope na mão. Conseguiu dizer apenas “parabéns, papai”. Entre choros e abraços, a comemoração do tamanho da vida. Quase todos os dias o casal ganha de amigos e parentes roupinhas e lembranças para o bebê. A futura mamãe afirma: “ainda é cedo para saber quem virá, mas se for menina vai se chamar Suzana. Agora, se chegar um menino, ainda não decidimos o nome”.
Jairo e Danielly reconhecem que viveram o maior desafio que alguém pode enfrentar. Uma verdadeira provação, mas sentem-se recompensados diante de tanta dificuldade. “Foi uma fase de escrever a nossa história de amor. Agora a vida é uma mistura de sentimentos maravilhosos. Depois de tantos momentos negativos chegou a hora da nossa felicidade”, comemora a futura mamãe, que pensa agora em voltar à faculdade para concluir o seu curso e dividir o tempo à espera do bebê que deve chegar em fevereiro de 2017. Jairo, que é militar aposentado, também decidiu voltar aos estudos. Quer fazer o vestibular para o curso de engenharia. “Afinal a família começa a crescer e as despesas também”, brinca, ansioso pela chegada do filho.