
Em 22 de julho de 2016 a Fundação Pró-Rim vai comemorar 38 anos do primeiro transplante renal em Santa Catarina. A equipe foi a mesma que anos depois criou a Fundação Pró-Rim. O transplante pioneiro foi realizado no Hospital Municipal São José de Joinville. Àquela época, a primeira unidade de hemodiálise do Estado, implantada em oito de agosto de 1975, HMSJ estava para completar apenas três anos. Tudo era novidade nesta área da medicina e pouco se falava em transplantes no Brasil.
A equipe da Fundação Pró-Rim participava semanalmente de treinamento intensivo no Hospital das Clínicas em São Paulo, até que chegou o dia de colocar o aprendizado em prática. Um jovem de 22 anos sofreu um grave acidente na BR-101 e estava na UTI, quando houve a confirmação da morte cerebral e a família imediatamente autorizou o transplante.
A paciente Maria de Souza Assumpção de 55 anos, moradora do bairro Nova Brasília, em Joinville, foi escolhida para receber o órgão neste procedimento pioneiro e histórico. A equipe era comandada pelo nefrologista Dr. José Aluísio Vieira, que havia permanecido por cinco anos nos Estados Unidos e lá fez a sua especialização em Nefrologia e Transplante Renal. Por volta das 22 horas a equipe foi chamada e a operação se estendeu por toda a madrugada. A cirurgia foi um sucesso e a paciente viveu com o novo rim por mais oito anos.
Este feito científico teve grande repercussão. Afinal, até esta data os pacientes morriam porque “sofriam dos rins” e havia poucos recursos médicos, além da demora em chegar ao Brasil estudos e pesquisas importantes, realizados por países mais desenvolvidos.
A partir deste transplante, porém, a Fundação Pró-Rim começava a escrever uma das mais belas e transformadoras histórias da medicina catarinense. Hoje são mais de 1.400 transplantes que fazem da Pró-Rim uma referência nacional e integrante do grupo das dez instituições do país com mais procedimentos nesta área.
TRANSPLANTE – O GRANDE ALIADO DA VIDA
A coordenadora de transplantes da Fundação Pró-Rim, médica nefrologista Dra. Luciane Deboni, explica de forma didática que transplante é a substituição de um órgão que deixou de funcionar por outro fornecido de forma voluntária por doador vivo ou falecido. No caso de doador vivo só pode ser feita a doação de órgãos pares como rim e pulmão. Segundo ela, atualmente é possível fazer transplantes de vários órgãos como rim, coração, pulmão, fígado e intestino, que são chamados de órgãos sólidos Também são feitos transplantes de tecidos como córnea, medula óssea e pele.
Com relação a quem pode doar em vida, ela lembra que a nossa legislação permite que sejam realizados transplantes com doadores vivos até quarto grau de parentesco. Pela ordem, primeiro grau é entre pai, mãe e filho. Segundo grau irmãos, terceiro tios e quarto primos. A legislação brasileira também permite transplantes inter vivos não consangüíneos, mas afetivamente relacionados, como cônjuges.
Com relação ao transplante de rim, ela enfatiza que não significa cura permanente. Melhora a qualidade de vida. É uma das opções de tratamento do doente renal crônico, assim como a diálise peritoneal e a hemodiálise. Trata-se de uma terapia renal substitutiva, ou seja, uma forma de substituir a função do rim. “Por ser um tratamento, tem os seus cuidados monitorados no pós-transplante ao longo dos anos, com o uso de medicamentos de forma contínua”, lembra a médica.
Há o momento em que o transplante se faz necessário. ”No caso do rim, é quando a insuficiência renal evolui para um quadro chamado de insuficiência renal terminal, ou seja, a função renal fica mais ou menos abaixo de 10 por cento, o que se torna incompatível com a vida”, define a especialista.
Ela observa que o Brasil tem o segundo maior programa de transplantes em números absolutos do mundo. Só perde para os Estados Unidos em números totais e para a Espanha em números relativos, por milhão de habitantes. Além disso, cerca de 90% dos transplantes no Brasil são custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com o acesso garantido a todos os pacientes. “Da mesma forma, neste programa de transplante, a medicação que o paciente vai usar de forma contínua, também é fornecida pelo SUS, sem limite de prazo para este fornecimento”, manifesta a nefrologista.
A Legislação regulamenta que a distribuição de órgãos dos “doadores cadáver” (doação autorizada pela família de quem sofre morte cerebral) seja feita de maneira igualitária nos pacientes que estão em lista aguardando por um transplante. Essa avaliação é feita através da compatibilidade (HLA) que é um código genético do receptor.
No momento em que o paciente entra em lista de espera, isso fica armazenado em um banco de dados. O próprio sistema computadorizado vai buscar dentro das informações, quais os pacientes com a genética mais semelhante àquele doador em questão. “Portanto, não existe uma fila fixa de espera para o transplante. Independente do tempo de cadastro, qualquer paciente pode ser o próximo a receber o órgão. Tudo depende da compatibilidade”, exemplifica a Dra. Luciane Deboni.
Todo paciente renal tem direito de um tratamento digno e humanizado, além de obter todas as informações de maneira objetiva e transparente. O paciente que reside em Joinville ou realiza tratamento em uma das unidades da Fundação Pró-Rim, será assistido por uma assistente social para orientar e assegurar seu direito de realizar o transplante renal pelo SUS.
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