
Elza Aparecida Bravo da Silva, 46 anos, é natural do Paraná. Ela convive com a doença renal há 26 anos, e não se deixa abater pelas dificuldades impostas pela enfermidade. Durante todo este tempo, procurou seguir normalmente com a vida. Cuidou do marido e dos 3 filhos, como tantas outras mulheres iguais e ela. Além disso, fez faculdade de enfermagem e exerceu a profissão. O conhecimento que adquiriu na área lhe deu um olhar crítico sobre o serviço de saúde. Precisamente por este motivo é que diz ter escolhido fazer seu tratamento na Pró-Rim. “Percebi o trabalho da fundação como um trabalho de excelência.”
Seu marido, Adilson Pereira da Silva, também com 46 anos, além de apoiar a esposa em toda a duração do tratamento, agora se prepara para participar da recuperação da saúde dela de um modo muito mais direto e decisivo. Adilson está fazendo os exames para doar um rim para Elza. “É muito gratificante acompanhar a minha esposa, se tratando de uma pessoa que a gente ama, sabendo da garra que ela tem,” compartilha o marido.
Desde o começo Elza teve ciência de como seria a evolução da doença. “Passei 26 anos sabendo de um prognóstico ruim, fazendo exames periódicos.” Sabia que com o passar do tempo sua função renal iria diminuir gradualmente. “Primeiro nós começamos com o tratamento conservador.” Sua terapêutica consistia no controle da pressão arterial através de medicamentos, sem necessidade de diálise ainda. Depois veio o processo dialítico, e foi a partir deste momento que a mulher passou a conviver com as sessões de diálise. Desde o ano passado ela faz diálise peritoneal, um tipo um pouco diferente da tradicional, quando através de uma máquina ocorre a filtragem do sangue do paciente.
Elza nunca deixou que o problema renal interferisse na sua rotina. A maior parte do tempo, conseguiu ter uma vida normal, sem prejuízo das suas atividades. “Não deixei que afetasse a minha relação com meus filhos, que até hoje, me incentivam e aconselham muito.” A enfermeira começou a sentir com maior intensidade as consequências da insuficiência renal há um ano mais ou menos. “Por causa da debilidade física, da anemia, a gente fica sem condições para ter uma atividade de 8 ou 12 horas de trabalho”.
Para que o transplante seja enfim realizado, Elza e Adilson estão acertando os últimos detalhes. “Faltam os últimos exames,” contam esperançosos os dois. Antes que o marido se voluntariasse, as duas irmãs de Elza foram cogitadas como possíveis doadoras, mas a descoberta de uma doença genética acabou frustrando os planos de todos. A iniciativa de Adilson para doar o rim para a esposa foi como um raio de luz numa espera longa e dolorosa.
Caso a possibilidade do transplante realmente se efetive, em dois meses marido e mulher já estarão aptos para a cirurgia. Perguntada sobre como se imagina depois da cirurgia, Elza é categórica: “Transplante é qualidade de vida.” Seu único desejo é ter uma vida normal, poder trabalhar como sempre fez. A esposa, mãe e enfermeira sonha em simplesmente poder voltar a cumprir suas tarefas, e seu sonho parece que finalmente irá se tornar realidade.