
A Doença Renal Crônica é uma patologia que leva à perda progressiva da função dos rins. Entre suas principais causas estão à hipertensão arterial, o diabetes mellitus e o envelhecimento.
Esta doença leva a alterações no metabolismo do corpo, ocorrendo retenção de fósforo, diminuição de cálcio e deficiência de vitamina D.
Essas modificações já aparecem no período pré-diálise e levam a complicações severas, aumentando o risco de fraturas ósseas e induzindo calcificação nos vasos.
A deficiência de vitamina D, geralmente abaixo de 30 ng/mL, prejudica a absorção de cálcio, estando presente nos pacientes que ainda não fazem diálise, nos que já estão em terapia dialítica e também entre os transplantados renais. Está associada à menor densidade mineral óssea, maior taxa de fraturas e de osteoporose.
As principais causas de deficiência de vitamina D são a baixa exposição solar e baixa ingestão de alimentos ricos em vitamina D (salmão, atum, sardinha). Indivíduos idosos e os de raça negra sintetizam menos vitamina D.
Os principais sintomas do distúrbio mineral e ósseo ocasionado pela doença renal crônica são dores ósseas, dores articulares, dor muscular, coceira e fraqueza. Os exames necessários para diagnóstico são feitos pela dosagem do PTH, hormônio produzido pelas glândulas paratireóides (acima de 300 pg/ml), pela dosagem do cálcio, fósforo, fosfatase alcalina e vitamina D.
Também auxiliam no diagnóstico exames de imagem como radiografia dos ossos, ultrassom/cintilografia de paratireóides e ecocardiograma para avaliar calcificações extra-esqueléticas. Em algumas situações especiais, como fraturas inexplicadas, dor óssea persistente, hipercalcemia ou hipofosfatemia inexplicada, suspeita de toxicidade por alumínio e, previamente à paratireoidectomia, é recomendada a biópsia óssea.
O tratamento deste distúrbio é necessário para evitar as alterações minerais dos ossos, sendo indicada uma dieta com controle de fósforo e proteínas acompanhado por uma nutricionista e, em alguns casos, o uso de quelantes de fósforo.
Em casos avançados da doença, em que não respondem ao tratamento clínico é preciso realizar a retirada cirúrgica das paratireóides, sendo indicada a paratireoidectomia. Dessa forma, identificamos uma complicação importante da Doença Renal Crônica, que aumenta a mortalidade desses pacientes e necessita uma abordagem específica e interdisciplinar.
Referências
1- Romão Jr JE. Doença Renal Crônica: Definição, Epidemiologia e Classificação. J Bras nefrol. Agosto, 2004 2- Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Tratamento do HPTS em Pacientes com Doença Renal Crônica. Sociedade Brasileira de Nefrologia, 2013.
Por: Dr. Franco Krüger (CRM/SC 15126) Nefrologista da Fundação Pró-Rim