
As mulheres que trabalham fora, geralmente acumulam também os serviços da casa. Agora, é possível imaginar uma mulher que, além de tudo isso, também precisa fazer sessões de hemodiálise três vezes por semana, cerca de quatro horas por dia? Esta é a história de Ângela Raquel Correa da Silva, 42 anos, casada, mãe de um filho de 16 anos, moradora do Parque Guarani, em Joinville (SC) e que ainda encontra tempo para frequentar academia e manter a forma física.
Ângela é diabética desde os seis anos de idade e por causa da doença os seus rins pararam de funcionar há mais de cinco anos. Ela vende roupas e jóias para ajudar no orçamento doméstico e tem uma rotina acelerada, que faz seu marido chame sua atenção quando ela exagera no trabalho.
“Concentro essas atividades nas terças, quintas e finais de semana, quando não faço hemodiálise, mas sempre tem uma ou outra cliente querendo comprar os meus produtos”, explica. No entanto, deixa bem claro que a lista de prioridades começa com o tratamento que a mantém viva, a família e depois o trabalho. Também viaja com frequência à Brusque (SC) para repor o estoque de roupas.
No seu cotidiano, executa tudo aquilo que uma dona de casa faz: lava e passa roupas, cozinha, limpa e ainda cuida do filho e do marido. “Quem acumula as funções de mãe e esposa entende que não é fácil. Eles estão sempre pedindo alguma coisa. No meu caso, além do trabalho, há uma jornada tripla que inclui a hemodiálise”, explica, dizendo que faz tudo isso com muita alegria.
Mas não para por aí. A sua tarefa diária inclui também organizar as finanças da casa e mesmo com toda essa responsabilidade, Ângela se declara uma pessoa feliz, realizada e de bem com a vida. “Sou apaixonada pela minha vida. Não saberia viver de outra maneira. Eu procuro sempre ver o lado bom das pessoas. Se a gente tiver fé, tudo se resolve”, acredita.
Para a enfermeira Magda Patrício Pereira, responsável técnica pelo setor de hemodiálise da Fundação Pró-Rim, referência nacional no tratamento de doenças renais, onde Ângela faz o tratamento, ela é uma guerreira. “Ângela é uma guerreira que serve de exemplo para todas as mulheres. Apesar das limitações que a doença lhe impõe, é educada, compreensiva, não reclama de nada e se mantém aderente ao tratamento”, afirma.
Já a psicóloga Rosa Gasparino vê de forma positiva o trabalho moderado, tanto em casa quanto fora, no equilíbrio emocional da mulher portadora de doença renal, submetida à hemodiálise. “Nesta fase da doença, toda atividade social é importante, melhora a qualidade de vida e ajuda a afastar a depressão. Claro que ela deve levar em conta as suas limitações físicas e nunca descuidar do tratamento”, explica Rosa.
Quando lhe perguntam o que ela espera da vida, Ângela abre o sorriso e responde de pronto: “Tenho tudo o que preciso para ser feliz e o que mais quero agora é ver o meu filho crescer nos estudos e na vida e realizar todos os seus sonhos”.