Com a pandemia, a realização de cirurgias teve uma queda histórica no Brasil e no mundo. Enquanto isso, pacientes com doenças crônicas aguardam em lista a doação de um órgão para melhorar sua saúde. Apesar de ser o país com o maior sistema público de transplantes do mundo, o número de doações efetivas ainda é baixo comparado ao número de pessoas que aguardam em lista.
Nesta segunda-feira (27/09) é comemorado o Dia Nacional da Doação de Órgãos, uma oportunidade para conscientizar a população sobre a importância deste ato que pode salvar até 10 pessoas. O ano de 2020, que marcou o início da pandemia, não foi nada favorável aos pacientes em lista de espera para o transplante de órgãos no Brasil. As cirurgias de transplante, que vinham aumentando ano a ano, sofreram uma queda histórica em comparação aos últimos dez anos.
A Coordenadora dos Transplantes da Fundação Pró-Rim, a médica nefrologista Dra. Luciane Mônica Deboni, faz uma avaliação do quadro de transplantes no Brasil, diante da pandemia. “Até 2019, o Brasil vinha numa curva ascendente, porém, a partir de 2020, com o início da pandemia, esses números obviamente caíram abruptamente não só no Brasil, mas no mundo. Como o país têm suas diferenças, com variados cenários, em algumas regiões os transplantes foram mantidos por algum tempo, mas cedo ou tarde também tiveram que suspender as cirurgias temporariamente”, avalia a médica.
Vidas transformadas pela doação
De acordo com os dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), mais de 25 mil pessoas aguardam em lista a doação de um rim. A doação de rins, assim como a de outros órgãos, pode salvar a vida de até 10 pessoas. No caso dos rins, o transplante é indicado para pacientes renais crônicos, os quais perderam a função renal e que dependem do tratamento de diálise para sobreviver. “O transplante não é a cura, mas um tratamento que pode ofertar uma qualidade de vida melhor para este paciente”, explica a médica.
O transplante pode significar vida nova, sem a necessidade de comparecer à clínica três vezes por semana e se conectar a máquina de diálise por até 4 horas, tendo a possibilidade de trabalhar, estudar e ter uma vida social.
Uma destas vidas transformadas foi a do radialista Carlos Eliotério, de 55 anos, morador de Itapoá (SC), que acabou de completar um ano do transplante renal. Ele teve os rins comprometidos pela pressão alta silenciosa, durante anos. Conta que para continuar vivo teve de fazer sessões de hemodiálise por nove meses na unidade da Pró-Rim, em Joinville (SC). “Tudo graças à generosidade de uma família que, mesmo no momento de dor da perda de um ente querido decidiu doar os seus órgãos”, lembra o radialista.
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O jogador de futebol Marcelo Costa, que atuou no JEC, Grêmio e Caxias, também completou um ano de transplante. Em 2016, teve um mal-estar após o treino e o diagnóstico apontou a insuficiência renal. Imediatamente iniciou o tratamento de diálise. “Enfrentei muitas dificuldades, sem contar a insegurança emocional, ao saber que nunca mais iria exercer a minha profissão, ou seja, jogar futebol”, relembra.
Em junho de 2020, ele recebeu a tão esperada notícia do transplante. “Quero agradecer muito à família do doador que com esse gesto de amor me deu essa oportunidade de recomeçar a vida e com saúde”, enfatiza. O jogador pretende continuar no universo do futebol, atuando em suas escolinhas para crianças em Caxias do Sul (RS), onde mora atualmente. “Logo estarei lançando alguns craques para o futebol brasileiro”, diz o jogador.
-O jogador Marcelo Costa compartilhou sua história. Leia aqui a matéria completa!
Transplantes em Santa Catarina
De janeiro a agosto de 2021 foram realizados 717 transplantes em Santa Catarina, destes 85 transplantes de rim de doadores falecidos e mais três de doadores vivos de rim. Apesar da queda no número de transplantes nos últimos dois anos, ainda se encontra entre os cinco estados do Brasil que mais realizam cirurgias. Atualmente, mais de 460 pessoas estão na lista catarinense aguardando a doação de rim.
Em 2020, a Fundação Pró-Rim realizou 56 transplantes renais em parceria com a equipe do Hospital Municipal São José. Até o início do mês de setembro deste ano, o número de transplantes foi de 13 procedimentos, atingindo o total de 1.821 transplantes renais.
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Como ser um doador de órgãos?
O Brasil é o país com o maior sistema público de transplantes do mundo, no qual realiza cerca de 90% dos transplantes via Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar disso, o número de doações efetivas ainda é baixo em relação ao número de pessoas que aguardam em lista.
Principalmente, porque a família não fica sabendo do desejo do parente em doar os órgãos e salvar vidas. “Por isso é de extrema importância avisar a família ainda em vida o desejo de ser doador de órgãos”, declara Dra. Luciane, que completa: “Hoje, milhares de vidas dependem da consciência de familiares que perderam entes queridos. É importante ressaltar que para ser doador não precisa deixar nenhum documento expresso. Basta conversar com os familiares, manifestando esse desejo”, enfatiza a médica.
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Webinar vai abordar os temas doação de órgãos e transplante renais
Com o slogan “A vida pode continuar. Doe órgãos. Doe Vida”, a Fundação Pró-Rim realiza a segunda edição do Webinar que aborda as temáticas da doação de órgãos e transplante renal. O encontro virtual ocorre no dia 27/09 – Dia Nacional da Doação de Órgãos, a partir das 19h às 22 horas com a participação dos profissionais da Pró-Rim e convidados. O webinar é gratuito e com vagas limitadas. Inscrições e informações no site prorim.org.br/webinar.
Jenifer Leu dos Santos
Comunicação – Fundação Pró-Rim