
O açúcar do leite é chamado lactose, este é quebrado em pedacinhos menores dentro do intestino por uma enzima chamada lactase. Intolerância á lactose é o resultado da deficiência ou ausência desta enzima. Esta enzima possibilita decompor o açúcar do leite em carboidratos mais simples, para a sua melhor absorção. Este distúrbio acomete cerca de um a quatro adultos nos EUA, 25% dos descendentes brancos de europeus e até 90% na população asiática. Nos afro-americanos, nos índios e nos judeus, bem como nos mexicanos, a intolerância á lactose alcança níveis maiores que 50% dos indivíduos.
Devido a essa deficiência, a lactose não digerida continua dentro do intestino e chega ao intestino grosso, onde é fermentada por bactérias, produzindo ácido lático e gases. A presença de lactose e destes compostos nas fezes no intestino grosso aumenta a pressão osmótica (retenção de água no intestino), causando diarréia ácida e volumosa, flatulência excessiva (excesso de gases), cólicas e aumento do volume abdominal. A queixa de ardência anal e assadura é devido a acidez das fezes ser muito intensa.
A severidade destes sintomas depende da quantidade ingerida e da quantidade de lactose que cada pessoa pode tolerar, contudo, a maioria dos deficientes de lactase pode ingerir o equivalente a um ou dois copos de leite ao dia, desde que com amplos intervalos e não diariamente. Os sintomas podem aparecer após alguns minutos ou horas após alimentar-se com alimentos que contém este tipo de açúcar. Este distúrbio pode ser diagnosticado por três testes: teste de tolerância á lactose (exame de sangue após o consumo de lactose); monitorização da quantidade de hidrogênio nos gases exalados pela respiração após a ingestão da lactose (tido como o mais sensível); teste de acidez das fezes. Não há tratamento para aumentar a capacidade de produzir lactose, mas os sintomas podem ser controlados pela dieta. O controle da dieta para as pessoas intolerantes depende de se experimentar os limites que cada um suporta, usando a tentativa e o erro.
Lembrando que todos os produtos lácteos possuem na sua constituição o açúcar lactose, pode-se prevenir novos sintomas não usando leite e laticínios. Muitas vezes os iogurtes não causam sintomas, já que as bactérias presentes nas suas fórmulas (lactobacilos) produzem lactase. Além disso, uma boa opção para substituir o leite de vaca é o leite de soja que é isento em lactose ou, ainda, já existe atualmente no mercado leite UHT hidrolisado (onde a lactose já foi hidrolisada) e leite com baixo teor de lactose.
As pessoas com intolerância á lactose não necessitam de uma dieta extremamente rigorosa, basta que tenham alguns cuidados básicos sobre o que se deve comer.
Alguns alimentos que devem ser evitados: leite de vaca, queijos, manteiga, requeijão e demais derivados do leite; preparações á base de leite (bolo, pudins, cremes); bolachas, biscoitos que possuem leite em sua composição. Outros como: carnes, margarina, geléia, leguminosas (feijão, lentilha, ervilha), arroz, verduras e legumes, leite e queijo de soja, pães e bolachas que não contêm leite em sua composição, podem ser consumidos sem causar nenhum sintoma. Outra alternativa é ingerir cápsulas de lactase, as quais também ajudam a resolver o problema.
Quando o assunto é o cálcio, o leite e outros produtos lácteos são a maior fonte deste mineral, essencial para a formação e a manutenção da estrutura óssea. Por este motivo, não dá para simplesmente excluir este alimento do dia a dia. Os intolerantes á lactose devem optar por incluir na dieta habitual outros tipos de alimentos ricos em cálcio, como sardinha, bacalhau, nozes, avelã, feijão, couve, amêndoa, grão de bico, brócolis e soja. Todavia deve-se sempre consultar um médico e um profissional nutricionista para orientações mais precisas e individualizadas.
Por: Jyana Gomes Morais – Nutricionista – CRN10 1069