
Tanto no tratamento de hemodiálise quanto no transplante, todos se redescobrem e passam a encarar a vida de maneira diferente, depois do choque de realidade. Os depoimentos convergem. “Hoje sou uma pessoa melhor, mais solidária, mais simples, mais atenta aos problemas alheios e, acima de tudo, valorizo cada momento da minha vida”, dizem com freqüência.
A emoção é recorrente e está no núcleo de cada história trilhada pela dor e recomeço. Porém, o sentimento mais forte é a gratidão que todos os pacientes demonstram pela equipe da Fundação Pró-Rim. Esta equipe incansável vai da turma da limpeza, passando pelo administrativo, enfermagem, psicologia, assistência social, nutrição, médicos e tantos outros profissionais que trazem no DNA o sagrado dom de salvar vidas.
Nas últimas semanas, a Fundação Pró-Rim deflagrou uma campanha na Internet para comprar mais uma máquina de hemodiálise. A população entendeu a necessidade e está participando de forma generosa.
José Roberto, um paciente de 65 anos, funcionário público aposentado de Londrina (PR), procurou a organização da campanha para fazer uma doação. Disse que era o mínimo que poderia retribuir depois de tanto que recebeu da Pró-Rim.
Ficou emocionado e emocionou a todos com a sua história. Além da doação, ele fez questão de deixar uma mensagem com os pacientes em hemodiálise e manifestar a sua gratidão à equipe do Call Center.
Ele conta que definhou fisicamente durante dois anos e meio em que se submeteu ao tratamento de hemodiálise. Chegou a pesar pouco mais de 50 quilos quando o seu peso normal era acima de 70. A única esperança seria o transplante. Com a ajuda de uma prima que mora em Joinville, ele descobriu a Fundação Pró-Rim. Depois de todos os exames, em poucos meses, José Roberto estava com um novo rim.
Ao ouvir esta história, puxei pela memória e lembrei-me de uma conversa que mantive há cerca de três anos, com Cida Tofano, proprietária do Tofanos Restaurante, na Recreativa dos Comerciários, em Joinville. Ela me questionou sobre a possibilidade do seu primo, que morava em Londrina, fazer um transplante com a equipe da Pró-Rim. Imediatamente coloquei a Cida em contato com a Olinda, assistente social para os primeiros passos.
Na convivência com a doença, José Roberto Tofano, que também é músico, fala de um tempo difícil, quando não sentia vontade ou coragem para levantar da cama, nem prazer de dirigir, tocar um instrumento ou qualquer outra motivação para viver. “Depois do transplante, caminho cinco quilômetros todos os dias e voltei ao meu peso normal”, diz, abrindo um sorriso de gratidão por tudo o que recebeu na Fundação Pró-Rim. “Quando eu digo tudo, quero dizer: a minha vida”, conclui.
Confesso que me senti um pouquinho responsável por esse desfecho, a partir de um simples encaminhamento de cadastro. A minha recompensa foi ver nos olhos de uma pessoa a imensa vontade de viver. Mais que gratidão, a história do José Roberto é a certeza que salvar vidas evolui a humanidade.
Por: Léo Saballa – Assessor de Imprensa