Maria recebeu um rim apenas quatro meses depois de entrar na lista de espera. Ela nos conta sua história com a doença renal e a vida nova após o transplante.
Este é o relato emocionante de Maria Aparecida dos Santos, natural de Salinópolis, no Pará, mas que reside em Joinville (SC). Ela conta que perdeu o chão quando em 2018 descobriu que os seus rins não funcionavam mais. Na época, um filho tinha 13 anos e o outro estava com apenas dois anos. Ela precisava fazer o transplante para melhorar a qualidade de vida e poder cuidar da família. Em nenhum momento desanimou diante das graves dificuldades. A história dela mostra que a determinação faz o universo conspirar a favor da vida. Nesta virada de ano, a primeira depois da recuperação do transplante, o marido de Maria vai assar uma costela para comemorar com os filhos o renascimento dela.
Segunda chance
“Tenho 30 anos, mas no próximo dia 28 de dezembro vou completar o primeiro ano do meu renascimento. Quero dizer que fui abençoada com uma segunda chance de viver. Eu explico: tudo começou em agosto de 2018, quando me senti muito mal e fui levada ao Pronto Atendimento Médico. Lá me levaram para o Hospital Regional de Joinville e constataram que os meus rins estavam atrofiados, com apenas 3% da capacidade de filtragem. Então fui encaminhada para iniciar os preparativos urgentes para a hemodiálise na Fundação Pró-Rim”.
Fragilidade
“Nos dias seguintes fiquei fragilizada física e também emocionalmente. Tudo era novo para mim. Não sentia vontade de fazer nada. Imaginava que iria morrer logo, pois estava bastante fraca, até com dificuldade para caminhar. Nesse período perdi muito peso. De 67kg passei para 52kg, em pouco tempo. Não parava de pensar nos meus filhos, o Bruno, então com 13 anos, mas, principalmente, no Davi, que acabara de completar dois aninhos. Eles precisavam muito de mim. Quem é mãe certamente imagina o que passava pela minha cabeça”.
Dias melhores
“Com o tempo, me estabilizei e senti-me protegida pelo profissionalismo e a humanização da equipe da Fundação Pró-Rim. Tive amparo médico, cuidados essenciais da enfermagem e apoio psicológico dos anjos que estavam sempre ao meu lado. Começava então a me recuperar física e emocionalmente. A partir daí, criei coragem e em 31 de julho de 2019 entrei na lista de espera para fazer o transplante”.
Sempre há esperança
“Na minha cabeça a cirurgia iria acontecer em dois ou em até três anos. Mas, toda vez que o telefone tocava o meu coração acelerava. Para minha surpresa, no dia quatro de dezembro fui avisada que havia um rim para o meu transplante. Alguns minutos depois a decepção. O comunicado esclarecia que o rim estava lesionado e o transplante teria de ser cancelado. Porém, quatro dias depois, em 28 de dezembro, recebo uma ligação da médica da Pró-Rim informando que havia um rim à minha disposição e que ele estava em perfeito estado. Perguntou se eu o aceitava. Perdi a voz pela emoção, fechei os olhos e agradeci a Deus antes de responder: ‘claro doutora, você acaba de me dar a notícia mais esperada da minha vida’. O transplante foi sucesso e em pouco tempo eu estava em casa, recuperada”.
Comemoração
“Agora, neste fim de ano quero comemorar muito com a minha família. O meu marido vai preparar uma costela na brasa. Então vou novamente agradecer a Deus por esta nova oportunidade que ele me deu. Também sou muito grata ao meu marido, o Jeferson, pela forma gentil e preocupação constante com que ele me tratou durante todo esse tempo, sempre com palavras de estímulo e de carinho. Foi meu companheiro incondicional de todas as horas. E, por fim à minha sogra, a minha segunda mãe. No período pós-operatório, para ajudar na minha recuperação, ela levou os meus filhos para cuidar deles em sua casa, no Paraná. Fiquei tranquila no pós-operatório.
Sinto que o universo conspirou para eu poder renascer. Agora estou renovada para viver. Quero viajar, trabalhar, cuidar da família e logo comprar a nossa casa. Para quem conseguiu nascer de novo, penso que esse pequeno planejamento não será nada difícil de se tornar realidade”.