Agora ela quer superar esta fase, realizar o transplante e recomeçar uma vida saudável.
Em abril de 2016, Janaína Schoeffel estava na décima semana de gestação. Tudo começou quando ela dirigia o carro da família na descida da Serra Dona Francisca, em direção a Joinville (SC). O marido estava ao seu lado e ficou preocupado quando ela parou no acostamento e bastante debilitada revelou que havia sido acometida por um mal estar. Como ele não dirigia à época, desceu rapidamente do carro e acenou para um veículo que passava. O motorista prestativo transportou o casal ao Hospital da Unimed, em Joinville. A partir daí, Janaína passou por momentos difíceis.
O obstetra pediu uma série de exames e em seguida a encaminhou para um nefrologista, que fez o diagnóstico de perda avançada da função renal. Ou seja, apenas 20 por cento dos rins de Janaína conseguiam trabalhar naquele momento. A possível doença renal diagnosticada foi glomerulonefrite que leva à proteinúria.
Gestação de alto risco
No entanto o que mais a afligiu foi a avaliação de uma gestação de alto risco, junto com a recomendação que ela se preparasse para iniciar em breve as sessões de hemodiálise. Nos exames do pré-natal, ela conta que não foi nada detectado nos rins. “Nestes exames eu tinha anemia, falta de vitamina D, colesterol um pouco alterado, que já eram decorrentes da doença renal, mas que também poderiam ser só pela gravidez. Então os obstetras não investigaram”, revela.
“Naquele momento os meus familiares sugeriram que eu procurasse a Fundação Pró-Rim, em Joinville, por se tratar de uma instituição que é referência nacional nesta área”, recorda. A solução apresentada pela equipe médica foi fazer um acompanhamento sem medicação forte, o que poderia prejudicar o bebê. Até a biopsia foi descartada. No entanto, ao atingir 21 semanas de gestação, a doença renal evoluiu e Janaína teve de se internar para preparar a implantação do cateter e assim fazer a hemodiálise diária, devido ao seu quadro que inspirava cuidados.
Ao chegar à 24ª semana de gravidez (cerca de seis meses) a equipe decidiu fazer a cesariana. “Fui informada que as chances de o bebê sobreviver seriam mínimas, quase zero. Assim que nasceu, ele sofreu uma parada cardíaca, mas logo foi reanimado. No entanto, ele não resistiu e faleceu no dia seguinte, Dia dos Pais”.
Planejar a vida
Diante de tudo o que passou Janaína conta que decidiu viver de forma positiva. “Se o choro me ajudasse, eu passaria o dia chorando. Mas isso não resolve nada, só atrapalha. Então vou me afastar da negatividade e planejar a minha rotina saudável de vida. Agora quero fazer o meu transplante para ter uma qualidade de vida melhor e voltar ao meu trabalho através do Sesi, como professora de berçário, na Embraco. Também quero viajar e aproveitar o melhor da vida. A doadora do rim vai ser a minha tia”, projeta a professora de 28 anos.
No Natal passado, Janaína confeccionou diversas peças de artesanato para presentear pacientes e a equipe que presta atendimento na hemodiálise. “Aqui na Pró-Rim tenho um tratamento de excelência. Todos são dedicados e fazem com carinho o que precisa ser feito. Estou em boas mãos e pronta para recomeçar a vida. Meu marido e eu estamos pensando em futuro breve, na possibilidade de adotar uma criança para preencher a nossa vida”, garante.
Médica explica
Para a médica nefrologista Dra. Marina Hanauer, “muitas vezes a mulher não sabe que tem uma doença auto-imune, que pode levar à doença renal crônica, como lúpus, artrite reumatóide ou Síndrome Hemolítico Urêmica Atípica”, explica. Segundo ela, “na gestação, pelo fato de a mulher estar hiper sensibilizada, com uma atividade imunológica muito grande, algumas dessas doenças podem ser desencadeadas naquele período”.
A médica explica que provavelmente foi o que aconteceu com a Janaína. “Ela contraiu uma doença renal e não sabia e aí acabou se manifestando na gestação. A Janaína fez o pré-natal. Tanto é que a doença foi diagnosticada naquele momento. A avaliação dos rins, com exames laboratoriais, faz parte do pré-natal. Se a doença renal for desencadeada na gestação, os exames vão conseguir fazer o diagnóstico”, avalia a Dra. Marina.
Leo Saballa
12/02/2019