Professora esperou quase dois anos pelo transplante em Joinville. No natal de 2017 foi informada que havia um rim à sua disposição.
“Alguns dias antes do Natal de 2017, os meus pais viajaram do Tocantins para Joinville com o objetivo de passar as festas comigo. Antes da ceia, na véspera de Natal, na casa de amigos, todos fizeram um brinde e pediram pela rápida realização do meu transplante de rim, ansiosamente aguardado por quase dois anos. Aliás, este foi o motivo da minha vinda para Santa Catarina, em 2016. No momento do brinde, emocionada, fechei os olhos e fiz uma oração em silêncio. A minha fé teve tanto poder que fui atendida mais rápido do que esperava.
No dia seguinte, às 14 horas, o meu celular toca. Era da Fundação Pró-Rim. Depois de breve relato do Dr. Adriano, comecei a chorar de felicidade. Sim, em pleno dia de Natal havia um rim saudável, doado por uma família generosa, em um momento de dor extrema, após a morte cerebral de um ente-querido. Foi uma emoção indescritível. A minha sobrinha saiu à rua gritando e logo a vizinhança estava na minha casa, todos chorando e me abraçando. Ali mesmo fizemos a oração mais emocionante que eu já havia presenciado.
Aquele contato por telefone era a notícia do meu renascimento, justamente no Natal. Mas, para a gente entender melhor esta história, é preciso voltar no tempo, em 2011 quando eu morava em Conceição do Tocantins (TO), distante 300 quilômetros de Palmas. Certo dia, senti muita falta de ar, a pressão disparou e percebi inchaço no corpo e infecção urinária. Imediatamente fui levada para Palmas, capital do Tocantins, onde fiquei 25 dias internada, fazendo exames com a equipe da Fundação Pró-Rim.
Então descobri que o funcionamento dos meus rins era de apenas seis por cento. Logo comecei a fazer o tratamento por hemodiálise, na unidade da Fundação Pró-Rim, em Gurupi, distante 220 quilômetros da capital. Depois de alguns anos assisti a uma reportagem na TV que destacava a Fundação Pró-Rim como referência em transplante renal e o Estado de Santa Catarina como recordista no tempo de espera em lista.
Então decidi que iria para Santa Catarina, realizar este que seria o maior sonho da minha vida. Ou, de uma nova vida. A assistente social da Pró-Rim se empenhou para agilizar o meu encaminhamento. Surgiram dificuldades de toda ordem, mas superei todas e em pouco tempo estava em Joinville, onde morei por dois anos. No dia 26 de dezembro de 2017 às sete horas da manhã fui para a sala de cirurgia e às 16 horas já estava no quarto, transplantada. Foi uma espécie de renascimento, uma alegria tão grande ao acordar e saber que deu tudo certo.
Como disse, enfrentei muitas dificuldades. Foram quase dois anos em lista de espera para o transplante. Minha recuperação no início foi um pouco complicada. Devido ao longo tempo em diálise (quase 10 anos), demorei a fazer xixi. Também precisei fazer algumas sessões de hemodiálise devido ao inchaço e a falta de ar. Sofri um início de rejeição e fiz duas biópsias. Mas, agora, um ano transplantada, estou em excelente forma, graças a Deus e com ajuda dos amigos e da minha sobrinha Rayssa, (que na época morava comigo). Todos me ajudaram muito nesse processo que não foi fácil.
Após completar 11 meses de transplante retornei de mudança ao Tocantins, meu estado de origem. Mas, guardarei para sempre no coração os bons momentos, as boas amizades que fiz e deixei em Joinville. Meu apartamento era o ponto de encontro dos amigos, para o nosso tradicional café da tarde, almoços, churrascos e comemorações de aniversários. Tudo era motivo para alegria e diversão. Sei que deixo muita saudade e levo comigo lembranças inesquecíveis de todos.
Neste momento especial, em que vou passar o meu primeiro Natal na condição de transplantada e, consequentemente, com mais qualidade de vida, gostaria de agradecer à Fundação Pró-Rim. Sou e serei eternamente grata por tudo que eles fizeram por mim. Esta equipe sempre me atendeu super bem, cuidando de mim com todo amor e carinho.
Amo e admiro a todos que fazem parte desta equipe responsável, profissional e humana. Que Deus os abençoe e mantenha para sempre esse dom maravilhoso e especial que é salvar vidas.
Desejo a todos um feliz Natal com muita paz, saúde e um 2019 repleto de realizações”.
Roneyde Pereira dos Santos, 42 anos, pedagoga.
17/12/2018