Os rins são dois orgãos que todos nós temos em nossa barriguinha. Eles são responsáveis por manter o nosso sangue sempre bem limpinho. Além disso, eles também controlam o excesso de líquidos em nosso organismo, que é nosso xixi.
Viu como ele trabalha bastante? Ele limpa seu sangue, avise se você está “segurando xixi” e mantém sua vida saudável. Por isso, precisamos estar bem atentos. Diga não para o sal. Ele não é amigo do seu rim. Sabe aqueles salgadinhos que adora? Então, pode comer, mas um pouquinho só. Ele tem bastante sal e vai fazer seu rim trabalhar muito mais, deixando ele bem cansado.
Quando isso acontece, você sente vontade de fazer xixi toda hora. Arde, sente fraqueza e outras coisas. Então, pra quê sentir essas coisas chatas, não é mesmo? Então vamos cuidar do nosso rim!
Quais são os primeiros sinais para identificar que os rins da criança estão com algum comprometimento?
Os sinais são muito sutis, por isso, pais, familiares e responsáveis devem estar sempre atentos. Em geral, são relacionados ao trato urinário. Sinais como acometimento mais sistêmico, como dificuldade para crescer e ganhar peso, anorexia severa, anemia que não responde ao tratamento, alterações no volume urinário e na pressão arterial são alguns sinais.
Em seguida, o que os pais ou responsáveis devem fazer?
Ao identificar os primeiros sinais, os pais devem levar a criança ao médico e verificar a possibilidade de exames para a avaliação dos sintomas citados, incluindo sempre a avaliação da função renal, principalmente se houver algum histórico familiar de doença renal crônica, hipertensão arterial ou diabetes.
Quais os exames mais solicitados neste caso?
Os exames mais solicitados são os que avaliem a função renal como ureia e creatinina, urina tipo I e exame de imagem dos rins com ultrassom de rins e vias urinárias.
O que estes exames identificam?
Identificam como estão funcionando os rins, e no caso do ultrassom tamanho renal, presença de má formação e aspectos do rim (ecogenicidade).
Quais são as causas mais comuns de DRC em crianças? Pode ser fator genético ou comprometimento por estilo de vida?
As principais causas são as glomerulonefrites e má formação do trato urinário acompanhada de infecção urinária de repetição. Algumas acontecem com fator genético envolvido. A alteração do estilo de vida tem pouca responsabilidade na gênese da doença.
Quais são as dicas do especialista para que os pais consigam manter a saúde renal de seus filhos?
Deve ser feito um controle clínico periódico, solicitar ao médico que inclua exames de avaliação renal, aferir a pressão arterial nas consultas de rotina nas crianças a partir de 3 anos de idade, ou antes, caso haja fatores de risco (histórico familiar, má formação com diagnóstico, prematuridade extrema).
Quais são os benefícios do tratamento nesta fase (infantil)?
Preservação da função renal, e, em alguns casos em que a evolução para insuficiência renal crônica terminal é inevitável, realizar o controlo clinico rigoroso para evitar as sequelas graves da DRC, melhorar ganho de peso e estatura, postergar a perda definitiva para entrada em diálise, programar transplante com antecedência.
Durante o tratamento, quais são os cuidados fundamentais para a criança?
Cuidados com aporte nutricional, com controle rigoroso da ingestão de sódio, controle da pressão arterial, administração dos medicamentos com regularidade, consultas periódicas para minimizar a piora progressiva da função renal.
E depois, é possível que ela siga uma vida normal?
Tanto os pacientes em tratamento conservador, quanto os em diálise e transplantados, levam vida normal dependendo da repercussão prévia e do diagnóstico e intervenção terapêutica precoce. Salgadinho, alimentos industrializados e outros itens comprometem uma dieta ideal não só para adultos, como crianças também.
Além da quantidade de sódio, quais outros fatores os pais devem estar atentos?
Hoje está muito claro que a ingestão acentuada de sódio, a baixa ingestão de água, a falta de atividade física regular, o excesso de peso e a ingestão excessiva de gordura estão relacionados com o surgimento de distúrbios metabólicos que estão intimamente relacionados ao surgimento de alterações da função renal e cardiovascular.
Dr. Artur Ricardo Wendhausen
Formação: Graduação em Medicina pela Unidade Federal de Santa Catarina – UFSC, 1983 – 1989. Especialização: Pediatria, Hospital Infantil Joana Gusmão, 1990 – 1992. Nefrologia Santa Casa em São Paulo, 1992 – 1993. Função atual: Nefrologista Pediátrico.