A história centenária dos times Fluminense e Flamengo traz vários dados curiosos, inclusive de que ambos compartilham o mesmo DNA. Isso mesmo!
Foram alguns ex-jogadores do Fluminense responsáveis pela criação do time de futebol Rubro-Negro em 1911. Coincidência ou não, essa mesma ligação se repetiu na vida de Valdemar José Koerich, fluminense, pai de Everson Koerich, flamenguista.
Mas, ao contrário da mística rivalidade dos times a relação entre eles é amigável, forte e emocionante, um verdadeiro Fla-Flu, só que pela vida. Em dezembro de 2011 Valdemar perdeu a função dos rins e precisou de um transplante. Sete pessoas da família de Jaraguá do Sul (SC) por recomendação médica procuraram imediatamente a Fundação Pró-Rim em Joinville em busca de informações.
Todos estavam dispostos a doar o rim para Valdemar, entre eles Everson. Na época, abalado, Valdemar chegou a perder 20 quilos e pensar no pior. O medo maior era enfrentar a hemodiálise, tratamento que não foi necessário devido à atitude da família em dizer sim à doação, e agilidade da equipe multidisciplinar da Pró-Rim.
Depois de vários exames veio de Everson em 13 de abril de 2012 o presente mais precioso e que Valdemar levaria para sempre no corpo e no coração: o novo rim. O filho fez questão de ser o doador. Para ele era motivo de orgulho salvar a vida do pai. “Eu sou pai e sei que o dia a dia não é fácil. São noites em claro, preocupação para dar uma boa educação: tudo é para os filhos. No momento que eu soube que ele precisava de mim, eu queria ser o doador, por tudo isso que um dia meu pai fez por mim”, declara chorando e emocionado.
Além de pai, amigo, companheiro e exemplo
Depois do transplante a ligação entre Everson e Valdemar só aumentou. Everson elogia o pai em quase tudo, menos na escolha do time Fluminense, e comenta rindo: “Agora o pai tem um pedacinho do Flamengo dentro dele”, Valdemar responde no mesmo tom: “Só o rim, porque o coração continua fluminense”.
Fora isso, para Everson três pontos são primordiais no pai: simplicidade, respeito com as pessoas e sinceridade. E ele leva este exemplo para as duas filhas.
Everson tem uma vida normal hoje em dia e continuará vivendo muito bem com apenas um rim na certeza de que fez a coisa certa. Valdemar se orgulha do filho mesmo que a camisa preferida não seja a do Fluminense.
Quando lembra das pessoas que se dispuseram a doar o rim para ele, justifica: “Nós somos muito família e faríamos a mesma coisa um pelo outro”.
Para isso, ele contou com a equipe da Fundação Pró-Rim e Hospital Municipal São José, aos quais é eternamente grato. “Nunca fui tão bem tratado em toda a minha vida. Desde que cheguei aqui pela primeira vez até hoje em minhas consultas é sempre a mesma receptividade e atenção”, destaca.
Foi a hipertensão e a doença Gota que comprometerem os rins de Valdemar ao longo dos mais de 15 anos em tratamento. Ele nunca imaginou que precisaria de um novo rim, mas sabia que eles estavam sendo afetados.
Depois de conhecer esta história de amor à vida a equipe da Rede Globo convidou Valdemar e Everson para assistirem juntos ao clássico Fla-Flu no último domingo, 11 de agosto. Por coincidência foi Dia dos Pais e eles viveram um dos momentos mais importantes da vida.
“Foi muito melhor do que esperávamos. A emoção de assistir ao Fla-Flu com meu pai e no Maracanã em pleno Dia dos Pais foi algo indescritível”.
O Fluminense perdeu 3×2 para o Flamengo, mesmo assim Valdemar disse que o mais importante foi ver o filho Everson feliz. Um presente pelo lindo ato de amor e doação.