Seja qual for a sua luta, lute com todas as suas forças. Nós, enquanto pacientes renais crônicos, vivemos isso cotidianamente, três vezes por semana. Somos submetidos ao procedimento de filtração do sangue (hemodiálise), devido à falência de um órgão de extrema importância para manutenção estável do meio interno do nosso organismo: os rins. Durante quatro horas, ficamos conectados a uma máquina e, neste período, nossa vida flui pelo sistema várias vezes consecutivas até o término do seu ciclo.
Apesar deste tratamento desgastante e exaustivo, sei que é de grande importância para manutenção da minha vida. E em meio a tudo isso, pessoas maravilhosas foram acrescentadas à minha trajetória, as quais me incentivam, me ensinam e me concedem total apoio para que eu venha reescrever uma nova história para a minha vida.
Mas, independente de aceitar esta realidade e agradecer a possibilidade da existência de um tratamento, sempre tive um objetivo maior. Penso em poder me sentir livre e independente, penso em ter minha qualidade de vida restabelecida, penso em realizar o transplante renal.
Porém, aqui no meu estado, Pará, baseando-se nas estatísticas do Ministério da Saúde, no ano de 2010 foram realizados apenas 37 transplantes renais em todo o estado, dos quais 24 de doadores falecidos e 13 de doadores vivos. Outras 760 pessoas ainda aguardavam na fila, além da morosidade na realização de consultas e exames pré-transplante. Tudo isso faz com que a possibilidade da realização do transplante se torne cada vez mais distante por aqui.
Diante de todas essas dificuldades, devemos seguir adiante e jamais pensar em desistir do direito à vida. E é o que estou fazendo. Tomei a decisão de buscar por novas possibilidades e perspectivas e isso está acontecendo bem longe das minhas origens. Viajei cerca de 2.761 km até a cidade de Joinville, no Estado de Santa Catarina, onde estou encontrando novamente esperança, incentivo e empenho por parte da área de Saúde na realização deste meu objetivo de vida.
Hoje sou paciente da Fundação Pró Rim, que conheci por meio de seu belo trabalho nas redes sociais online. Um trabalho de divulgação à prevenção das doenças renais, informação e colaboração entre os pacientes. A mesma é a maior entidade filantrópica do Brasil na área de nefrologia e trabalha para garantir um tratamento digno e humanizado a pacientes de todas as partes do Brasil que a ela recorrem.
Estive em Joinville por um mês para realização de consultas e exames pré-transplante com a equipe multidisciplinar da Fundação Pró Rim. Pude presenciar e constatar que, apesar dos pacientes estarem tão longe de suas cidades, eram tratados com atenção, dignidade e todos muito bem atendidos e assistidos por este estado que se destaca na realização de transplantes renais em todo Brasil.
No ano de 2010, foram realizados 224 transplantes renais em Santa Catarina, dos quais 174 de doadores falecidos e 50 de doadores vivos. Na ocasião, outras 253 pessoas aguardavam na fila (Fonte: Ministério da Saúde).
Temos total suporte e agilidade na realização de consultas e exames pré-transplante, o que facilita bastante o processo até a realização do procedimento, que é totalmente financiado pelo SUS. Sou um paciente beneficiado por este projeto e tenho certeza de que em breve serei mais um paciente transplantado. Tudo isso me leva a crer que o maior objetivo do Estado de Santa Catarina é desafogar os centros de hemodiálise e proporcionar ao maior número de pacientes de todo o Brasil o direito e a esperança de transpor seus próprios limites e serem felizes.
Por isso, se hoje você sofre com a perda de um ente querido, seja co-autor para o renascimento de várias outras pessoas, lhes dando novamente a oportunidade de reescrever uma nova história para as suas vidas. Doe AMOR, doe VIDA.
Por: Geison Oliveira, paciente da Pró-Rim de Ananindeua (PA)