
Iniciativa da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) conta com o apoio de centenas de clínicas de diálise em prol da prevenção

Identidade oficial da campanha liderada pela SBN. Fonte: Sociedade Brasileira de Nefrologia.
O Dia Mundial do Rim de 2025, comemorado em 13 de março, traz como mote “Seus rins estão ok? Faça exame de creatinina para saber”. A 19ª edição da campanha busca a conscientização e dos cidadãos e traz um dado alarmante: cerca de 50 mil pessoas por ano com doença renal morrem precocemente antes de ter acesso à diálise ou ao transplante. Mais de 1000 localidades participarão e a Fundação Pró-Rim não vai ficar de fora.
Em entrevista à jornalista da Pró-Rim, Josi Tromm Geisler, a médica nefrologista e diretora clínica da Fundação, dra. Marina Abritta de Almeida Hanauer, falou sobre a importância dos exames e de campanhas como a da SBN:
- O que as pessoas geralmente ignoram sobre a saúde dos rins e como campanhas como o Dia Mundial do Rim podem ajudar a mudar essa percepção?
Dra. Marina: A maioria das pessoas associam doença à dor. E o grande problema da Doença Renal Crônica é que ela é uma doença muito silenciosa. O rim, para estar em sofrimento, para estar perdendo a sua função, ele não precisa doer. Muitas vezes, o que eu escuto no consultório é “mas como que eu o meu rim não está funcionando se eu urino normalmente, se eu não sinto nenhuma dor?”. A Doença Renal possui sintomas muito sutis e muitas vezes imperceptíveis. Por isso que é muito importante ter campanhas de conscientização para que as pessoas de maneira geral procurem realizar os exames de rotina e prestar atenção à estes sinais tão sutis da doença.
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Dra. Marina Hanauer, diretora clínica da Fundação Pró-Rim
Quais são os principais fatores de risco para doenças renais que as pessoas devem ficar atentas e como a prevenção pode ser incorporada no dia a dia?
Dra. Marina: Hipertensão, diabetes e idade avançada têm que ficar mais atentos e fazer um controle mais adequado, o que não exclui pacientes jovens de terem doença renal também. O histórico familiar de doenças renais também é um fator a ser considerado. Com relação à prevenção, ter hábitos de vida saudáveis são sempre a melhor orientação: ter uma alimentação balanceada, ter uma atividade física — o que é preconizado é que se tenha pelo menos 150 minutos de atividade física por semana. Isso pode ser dividido em meia hora (30min), 5 vezes na semana ou 50 minutos, 3 vezes na semana, mas manter uma atividade física. Evitar o uso exacerbado de bebida alcoólica, não fumar: a gente sabe que para a doença renal, esses são fatores de risco. E tomar muita água, sempre!
- Como o diagnóstico precoce de problemas renais pode alterar o prognóstico de um paciente e qual a importância de exames regulares?
Dra. Marina: Como a doença renal é uma doença muito silenciosa, muitas vezes, os pacientes já obtém um diagnóstico tardio e já tem a necessidade de fazerem o que chamamos de terapia renal substitutiva (TRS), que é a hemodiálise, diálise peritoneal e o transplante renal. O diagnóstico precoce e a realização de exames regulares previne esse diagnóstico tardio e a realização de TRS. O diagnóstico precoce permite que a gente consiga intervir e estabilizar a doença ou até mesmo retardar o progresso dela. É fundamental, principalmente os pacientes com os fatores de risco que falei anteriormente, realizem os exames periodicamente.
- Quais avanços recentes existem no tratamento de doenças renais e como isso tem melhorado a qualidade de vida dos pacientes?
Dra. Marina: A cada ano temos mais e mais avanços na terapia renal, seja ela em intervenções medicamentosas para tratar alguns fatores de risco de forma mais efetiva, e assim, evitar a progressão da doença renal ou medicações para estabilizar a doença renal e postergar a ida para a diálise. Recentemente foi liberado pelo SUS a dapaglifozina, que é uma medicação bastante efetiva no tratamento da doença renal. A gente têm novos métodos de TRS dentro da hemodiálise, como a hemodiafiltração, que consegue eliminar proteínas inflamatórias do organismo, melhora a qualidade de vida, diminui o risco de doença cardiovascular. Infelizmente ainda é uma terapia pouco oferecida pelo SUS, devido ao alto custo. Além disso, há avanços no transplantes com as pesquisas de xenotransplantes, que é o transplante de órgãos de espécies diferentes. Ano passado foi feito um transplante com rim de porco na Universidade de Harvard. Ainda está em estudo, mas são terapias inovadoras que podem reduzir o tempo de espera em lista de transplantes, melhore a qualidade e amplie a expectativa de vida do paciente.
A importância dos exames de rotina

Vera descobriu a doença ao fazer exames de rotina
A aposentada Vera Lúcia Ferreira tem 62 anos e há 6 dialisa na unidade Pró-Rim de Balneário Camboriú. Ela descobriu a doença após a realização de exames de rotina. “Não é fácil a experiência de fazer hemodiálise, mas estou conseguindo. Foi difícil lidar com a doença no começo”, informa Vera. A aposentada precisou adaptar sua rotina por causa dos tratamentos e afirma que teve dificuldades de aceitação ao receber o diagnóstico: “fiquei quase depressiva ao receber o diagnóstico, mas, com o tempo, fui me acostumando e agora está bem tranquilo.”, declara.
Atualmente, Vera lida tranquilamente com o tratamento e sabe da importância de seguir as recomendações médicas e da realização dos exames. “Claro que tem muitas tarefas que eu fazia que hoje são mais difíceis, como mover um móvel, e carregar peso. No mais, vida normal”, afirma Vera.
Você pode realizar seu exame de creatinina gratuitamente clicando aqui
Mais detalhes sobre o Dia Mundial do Rim e a programação completa, você encontra no site da Sociedade Brasileira de Nefrologia. Basta clicar aqui.
Fernando Rodrigues, Josi Tromm Geisler — Comunicação Pró-Rim