O frio é uma das atrações turísticas mais marcantes do Sul do Brasil, principalmente para quem chega das regiões quentes. Mas, é claro que para desfrutar das baixas temperaturas é preciso estar com a saúde em dia e muito bem agasalhado. Agora, quando o visitante tem a imunidade baixa, é paciente renal, faz tratamento de hemodiálise e sempre morou em Tocantins, por exemplo, o corpo precisa estar bem protegido e receber cuidados redobrados para se adaptar à nova realidade geográfica.
É o caso de Sebastião Lourenço da Silva, 42 anos, divorciado, sem filhos, paciente da Fundação Pró-Rim desde 2007 na unidade de Palmas (TO). Ele agora mora em Joinville e vive a expectativa de realizar o transplante de rim. Além da saudade da família, da solidão, de não ter companheira nem amigos, ele ainda convive com o frio intenso, até então elemento desconhecido, porém, agressivo.
Sebastião gosta de Joinville, mas diz que ainda não se acostumou com este frio, nunca sentido na sua cidade natal (Lagoa da Confusão), com pouco mais de seis mil habitantes. Ele explica que esse nome engraçado é por conta de uma ilusão de ótica em torno de uma pequena ilha de pedra que, em determinado período do dia e dependendo do ângulo em que se olha, a ilha desaparece. O município é muito quente e fica a 200 quilômetros de Palmas. Esta é a distância que ele percorria três vezes por semana (ida e volta) de ônibus para fazer hemodiálise, quando os seus rins deixaram de funcionar.
A sua realidade agora é outra. Em Joinville, enquanto aguarda pelo transplante, Sebastião evita se expor ao frio. “Assisto à televisão o tempo todo. Só saio de casa para fazer hemodiálise”. O paciente também revela que não possui agasalhos suficientes para enfrentar o inverno e nem condições financeiras para comprá-los. Segundo ele, na semana retrasada o termômetro chegou à marca dos seis graus centígrados. “Tenho esta jaqueta de nylon que comprei no bazar da Associação dos Renais Crônicos e paguei dez reais. Não alivia o frio, mas protege do vento”, explica, por experiência própria.
Solidariedade que aquece
No último dia 20 de junho ele recebeu um cobertor e uma blusa de lã do Voluntariado da Fundação Pró-Rim. “Quero agradecer de coração e dizer que a partir de hoje não vou mais sentir frio”. Ele faz questão de contar que acorda às cinco horas da manhã e percorre o trajeto de seis quadras a pé para fazer hemodiálise. O lado bom do frio, segundo o paciente “é que a sede não é intensa e por isso não há necessidade de ingerir muita água, que prejudica no tratamento”, explica.
Saudade da sua cidade? Ele revela que não, pois os irmãos moram em regiões diferentes e poucas vezes se encontram. Por isso, após o transplante, quer continuar em Joinville, mesmo no frio. “Vou me acostumar. A prioridade é a minha saúde. O importante é ficar perto da equipe da Fundação Pró-Rim, que me garante atendimento com segurança e me mantém vivo”, avalia Sebastião, enquanto aguarda com ansiedade a chegada do verão e, principalmente, do transplante.
⇒Se você também desejar contribuir com os pacientes renais da Pró-Rim com a doação de cobertores, mantas e roupas de inverno (em bom estado), entre em contato com o Voluntariado pelo email voluntariado@prorim.org.br ou ligue no (47) 3431-3800, com Nelsi.