“Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio”. Esta frase foi ditada por Hipócrates há mais de 2400 anos e cada vez mais a ciência comprova a relação estreita entre o hábito alimentar e a diminuição do risco de doenças crônicas e também da sua importância no tratamento destas enfermidades.
No caso específico da doença renal crônica este sábio ditado também é bastante verdadeiro. A alimentação equilibrada associada a outros hábitos de vida saudáveis como fazer atividade física e não fumar é fundamental para a preservação da saúde dos rins por uma longa vida. E, quando o funcionamento deste órgão tão vital está comprometido, mais uma vez a nutrição é parte essencial no tratamento em todas as fases do problema, desde a mais leve diminuição da sua função, passando pelo período em que a diálise é necessária até o acompanhamento dos pacientes que recebem um transplante renal. Em cada período e para cada indivíduo, a orientação e o acompanhamento nutricional periódico são de elevada relevância, já que complicações sérias relacionadas à nutrição são muito comuns em todas estas fases e podem comprometer enormemente a qualidade de vida destes pacientes.
Como para a maior parte dos profissionais de saúde que trabalham com pacientes com doenças crônicas, a adesão às orientações é um dos maiores desafios que enfrentamos, pois diferente de tomar uma medicação, a mudança de hábito quando necessário é bem mais complexa e depende de fatores diversos que vão desde a habilidade do indivíduo em compreender as orientações à sua motivação pessoal em segui-las. Assim, diferentes estratégias de educação nutricional precisam ser utilizadas para abranger com maior eficiência a diversidade de pacientes e familiares com os quais nos deparamos. Mudanças grandes e bruscas no hábito alimentar geralmente não são bem aceitas e dificultam a adesão às orientações. Desta forma, o aconselhamento nutricional deve ter como foco a promoção de pequenas e gradativas mudanças nos hábitos que estão relacionados ao prejuízo da qualidade de vida e ao prognóstico de cada paciente. Percebemos também que tão importante quanto a insistência em relação aos hábitos que precisam ser modificados, o reconhecimento e o reforço positivo em relação às mudanças propostas que foram incorporadas pelo paciente são fundamentais para que este continue motivado a aderir ao tratamento.
Outra característica que consideramos essencial aos profissionais que se dedicam a este trabalho, é o estar sempre aprimorando seus conhecimentos, pois tanto a nutrição como a nefrologia são especialidades jovens e o campo de conhecimento cresce e se modifica com o passar dos anos por meio das investigações científicas realizadas sobre esta temática. Quando realizamos pesquisas dentro do nosso serviço, além de nos instigar a estudar e avaliar de maneira mais profunda o nosso próprio trabalho, também contribuirmos com a geração de informações que podem auxiliar no tratamento de pacientes tanto do nosso país como do mundo todo.
Como nutricionista, me sinto privilegiada por ter tido a oportunidade de me especializar nesta área que considero tão especial e ainda mais ainda por poder atuar em uma instituição que sempre valorizou nosso trabalho e reconhece a importância da nossa atuação em seu principal propósito, que é o de prestar um serviço de qualidade para continuar salvando vidas.
Por: Fabiana Baggio Nerbass – Nutricionista – CRN10 937