Na manhã desta terça-feira, 23/04, a Fundação Pró-Rim participou de audiência pública da Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados, em Brasília, sobre o tema: “Diagnóstico, prevenção e tratamento das doenças renais”. A reunião foi presidida pela Deputada Sílvia Cristina que apresentou a composição da mesa, formada pelo Deputado Sóstenes Cavalcante; Dr. José Aluísio Vieira, fundador da Fundação Pró-Rim; Dr. Marcos Alexandre Vieira, Nefrologista e Presidente do Conselho Curador da Fundação Pró-Rim; Dr. Hugo Abensur, Nefrologista e Coordenador do Programa de Diálise Peritoneal do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) e Danilo Campos da Luz e Silva, Coordenador-Geral de Atenção Especializada da Secretaria de Atenção à Saúde – CGAE/DAET/SAES/MS.
O presidente da Fundação Maycon Truppel Machado também esteve presente na comissão: “debater políticas públicas voltadas à prevenção e ao tratamento das doenças renais é a garantia de evitar o aumento de pacientes que precisam de hemodiálise. Hoje já são mais de 157 mil brasileiros em tratamento. Por isso é tão importante estarmos aqui em Brasília”, enfatiza o presidente.
Dr. José Aluísio destacou a importância da Pró-Rim no estado de Santa Catarina e Tocantins, enalteceu a história pioneira da nefrologia no país, turma da qual ele faz parte. Também destacou os avanços tecnológicos dos tratamentos renais substitutivos e a necessidade de ampliar ações de prevenção às doenças renais “É muito difícil identificar a Doença Renal Crônica até 50% das funções renais, pois os sintomas que se manifestam são muito comuns à outras doenças, o que dificulta o diagnóstico”, ressalta Dr Aluísio.
Os deputados destacaram as dificuldades do Sistema Único de Saúde para a atenção básica e prevenção às doenças que podem causar problemas renais, em especial a Hipertensão Arterial que é responsável por mais de 30% dos casos de Doença Renal Crônica.
Dando sequência, o Presidente do Conselho Curador da Pró-Rim, Dr Marcos Alexandre Vieira enfatizou a importância da saúde renal, explicou as funções básicas dos rins e fatores de risco que prejudicam a função renal. Destacou os gastos realizados com TRS em estágios mais avançados da doença. “Em estágios iniciais, os custos com o tratamento são significativamente menores se comparados com os tratamentos em estágios avançados da doença. O mesmo se vê com o transplante que no primeiro ano gera um custo maior, mas que é compensado com o passar do tempo”, afirma Dr Marcos.
Ainda destacando os custos da hemodiálise, Dr Marcos explicou o caráter multidisciplinar do tratamento, os repasses do Sistema Único de Saúde que ainda está abaixo do valor necessário e as consequência desses desafios no oferecimento do tratamento para o paciente “60% dos pacientes chegam no tratamento tardiamente, sendo necessário o acesso por cateter. Quando o paciente chega antes, há tempo de confeccionar a Fístula Arteriovenosa que reduz os riscos de infecções e mortalidade, gerando menos custos e menos intervenções hospitalares, gerando maior qualidade de vida para o paciente e mais economia para os Centros de Diálise e o SUS”, complementa.
Encerrando sua fala, Dr Marcos enfatiza a importância do cuidado multidisciplinar, o autocuidado centrado no paciente, onde ele possa realizar a maior parte do tratamento em casa, com psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta e demais especialidades e a necessidade emergente da inclusão dos cuidados paliativos nos centros de diálise.
Durante o debate, o deputado Darci de Matos destacou Dona Herondina, mãe do Dr José Aluísio e primeira voluntária da Pró-Rim na sua luta por erguer a Fundação. Falou dos 36 anos de história da entidade e sua luta no tratamento de mais de 800 pacientes, ações de prevenção e saúde. Aproveitou o espaço para falar do projeto do Hospital de Transplantes, sonho antigo da Pró-Rim em centralizar todas as etapas do tratamento renal, do cuidado primário ao transplante renal “Essas ações de prevenção e tratamento reduzem o Custo-Brasil. Um exame de Creatinina custa em média 3 reais. Quando falamos de prevenção, de atenção básica, estamos falando de redução de custos, de gasto e de mais saúde para a população”, enfatiza Darci de Matos.
Dr. Hugo Abensur, destacou números sobre a doença renal crônica e a necessidade da prevenção: “já vi pacientes que chegaram no hospital no estágio 5 da doença, precisando de diálise, sem nem saber que tinha diabetes, causa primária da doença renal”, afirma. O número de pacientes renais cresce a cada ano. Segundo o Censo Brasileiro de Diálise, em 2023, mais de 150 mil pessoas necessitam de diálise.
Edinho Silva, da Associação Amor aos Rins, de Barretos-SP teve fala concedida pela presidência da comissão e falou das ações realizadas pela Associação com
campanhas de prevenção e informação que estão sendo realizadas dentro e fora do país “vamos fazer o exame de creatinina para 100% da população de Barretos e futuramente queremos levar isso para todo o Brasil”, afirma.
O deputado Marcelo Queiroz, presidente da Frente Parlamentar Mista em defesa da doação de órgãos e tecidos, destacou em sua fala, a importância do exame precoce: “Eu fui fruto da falta deste exame. Mesmo com plano de saúde e com as condições que eu tinha, o médico não solicitou o exame de creatinina. Quando descobri, entrei na diálise”, afirma Queiroz. O deputado defende a entrada do exame de creatinina como parte do hemograma — exame de sangue básico utilizado na detecção primária de alterações no organismo. Além do exame, o deputado pontuou a situação do estado do Rio de Janeiro, que enfrenta o fechamento de clínicas de hemodiálise e o manejo de pacientes para viagens de 50 minutos a 1 hora para a realização do tratamento “Se pra mim, com 33 anos, morando a 15 minutos da clínica e tendo todas as condições, era cansativo, eu fico imaginando para uma pessoa idosa ter que viajar, fazer a diálise e depois fazer todo o trajeto de volta”, completa.
O Coordenador Geral da Atenção Especializada do Ministério da Saúde Danilo Campos trouxe para a comissão dados importantes sobre a situação da diálise no país. “O Ministério da Saúde está de portas abertas para receber a população, os parlamentares e os especialistas”, declara Danilo na abertura de sua fala. Campos apresentou na comissão uma linha do tempo da Doença Renal Crônica no Sistema Único de Saúde desde 2004 a 2023. “Em 2023, já no atual governo, entendemos as dificuldades e necessidades [sobre a terapia renal substitutiva] foi feito uma recomposição na medida do possível, dos valores de tabela para pagamentos das sessões de hemodiálise e uma nova normativa que institui um novo incentivo para a terapia renal substitutiva focada na hemodiálise”, declara.
Campos também elencou a importância da atenção básica de saúde como medida de prevenção às doenças renais para evitar ou retardar a progressão da doença renal crônica: “Por ser uma doença crônica, ela tem que ser trabalhada sob uma perspectiva integrada, não focando apenas no estágio final, na hemodiálise”, afirmou o coordenador.
Artur Neto, paciente renal, encerra a comissão relatando a sua própria experiência com a doença renal crônica “muitos de nós, pacientes, desconhecíamos o que era o tratamento renal antes de realizá-lo. Muitos casos poderiam e serão evitados quando esse conhecimento for disseminado para a população. A hemodiálise não é o fim, ela possibilita a vida, permite que vejamos o amanhã. Mas o sucateamento da hemodiálise no país põe em risco essa oportunidade. O que o paciente mais deseja é dignidade no tratamento, sem o medo de ter sua clínica fechada no dia seguinte por falta de recursos”, Afirma Artur.
Silvia afirma que é possível sim oferecer saúde de qualidade para a população, destacando a entrega de um Centro de Reabilitação em Porto Velho-RO, com equipamentos importados da Europa, tornando-o o centro de reabilitação mais moderno da América Latina, com mais de 60 mil procedimentos realizados custeados pelo SUS. “É possível sim. Acredito muito no trabalho da ministra Nísia, mas não é só falar, nós queremos que esta audiência chegue à população fazendo a diferença”, encerra.
A semana de prevenção às doenças renais iniciou ontem, 22/04 e vai até sexta-feira, 26/04, na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Assista a Comissão na íntegra clicando aqui: https://www.camara.leg.br/evento-legislativo/72374#
Fernando Rodrigues — Comunicação Pró-Rim