Exposição apresenta os quadros desenvolvidos pelo paciente Gerson aos demais pacientes da clínica.
O tratamento de diálise requer tempo, para que em troca, a pessoa com a doença renal crônica tenha mais tempo e qualidade de vida. Essa realidade que os doentes renais enfrentam diariamente com a hemodiálise, são necessárias três sessões por semana, que podem durar em torno de 4 horas ou conforme prescrição médica, o que faz com que muitos deixem suas atividades profissionais e sociais de lado.
Buscar novas tarefas que estejam de acordo com as exigências do tratamento é umas das alternativas para manter e integrar os pacientes renais a vida social. Além da convivência com outras pessoas, as ações podem trazer novos significados, sensações e realizações, contribuindo também com o estado de saúde do paciente.
Foi entre os pincéis e tintas que o paciente renal Gerson dos Santos, de 51 anos, encontrou novas cores para sua vida. A arte era um passatempo antigo, mas que agora vêm se tornando uma atividade profissional.
Há um ano ele faz o curso de pintura, onde aprendeu as técnicas de luz e sombra, pintura de tinta a óleo e espatulado. Entre os movimentos artísticos preferidos estão o impressionismo, de Claude Monet, e o abstrato, presente nas obras de Pablo Picasso. “Gosto de retratar o movimento do mar, o movimento da vida”, conta Gerson sobre as telas pintadas especialmente para a sua primeira exposição individual.
Exposição das obras
A natureza nas paisagens e os barcos nas marinas estão retratados nas obras em exposição na clínica onde ele faz o tratamento de hemodiálise, no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt em Joinville (SC). “Gostaria que os outros pacientes tivessem um olhar diferente sobre os quadros, que elas (as obras) sirvam de inspiração para suas vidas”, reflete o artista.
As seis obras de Gerson, e mais quatro quadros do seu professor Jesus Alves, estão expostas nos corredores e salas de hemodiálise do Centro de Tratamento de Doenças Renais de Joinville – CTDR, clínica parceira da Pró-Rim. A mostra, aberta apenas para os pacientes e os funcionários, seguindo as normas de acesso e segurança da instituição, tem duração de uma semana (03 a 08/06).
Apreciador das artes
Além da pintura, Gerson também gosta de escrever e ler. “Sempre gostei das artes. Há tempos atrás escrevia muitos artigos para os jornais, agora estou mais voltado para a pintura. A leitura de livros também ajuda a passar o tempo na hemodiálise”, compartilha o paciente.
Esta será a primeira exposição individual do artista, que já participou de mostras organizadas nos shoppings da cidade pelo Atelier Alves, escola onde faz o curso de pintura. Como apreciador das artes, Gerson procura visitar as exposições e os museus da região, em busca de novos conhecimentos e experiências.
Descobrindo novas atividades
A proposta de retomar as atividades com a pintura surgiu em meio às conversas com a psicóloga Simone de Souza Aquino Felipe, que atende os pacientes renais da clínica. “A arte é uma maneira das pessoas expressarem seus sentimentos, angustias e desejos, seja pela música, pintura, escrita entre outras formas. Muitas pessoas não conseguem verbalizar o que sentem, e a arte pode virar um canal de comunicação desses sentimentos”, comenta a psicóloga.
Assim como o Gerson, outros pacientes estão descobrindo novas ou antigas aptidões, deixadas de lado com a rotina do tratamento. “Estas atividades integram o indivíduo à sociedade, fazendo com que eles dêem valor a outras ações, não se ‘fechando’ apenas para o tratamento. Viver outras experiências traz novos sentidos para a vida do paciente e até contribui com a melhora no seu estado clínico”, complementa Simone.
Setor de Comunicação
05/06/2019