Milanez Silva de Souza é professor de contabilidade da Universidade Federal do Tocantins. Tem 66 anos, é natural de Santarém, no Pará. Desde 2012 mora em Palmas (TO). É casado e possui duas filhas. A partir de 2010 tomou conhecimento que era portador de doença renal crônica. A seguir o seu depoimento e a sua determinação para superar as dificuldades da doença.
Descobri que coisas ruins acontecem também com pessoas boas. Às vezes, não tem como evitar. Mas, há várias maneiras de escolher como vamos lidar com isso. Então eu decidi que iria viver bem e estava disposto a fazer o que estivesse ao meu alcance.
No começo, sem conhecer nada do assunto, fiquei assustado com o diagnóstico. Tudo aquilo era novidade para mim. Mesmo assim, não fiquei abatido e vi que o primeiro passo seria entender a doença e as suas conseqüências. Depois, bastaria seguir rigorosamente todas as orientações médicas.
A partir daí, pesquisei sobre tratamentos e também de que maneira eu poderia contribuir com mudanças de hábitos para minimizar as dificuldades decorrentes da doença. Com esta postura de aceitação da realidade, optei pela diálise peritoneal e iniciei o tratamento há dois anos.
Hoje vejo com alegria os acertos daquela atitude aderente. Não incomodo ninguém, pois aprendi e eu mesmo faço todos os procedimentos da minha diálise. Com o apoio da família em todos os momentos, nunca deixei de trabalhar e nem quero parar tão cedo.
Sinto prazer em ser professor e vejo que os meus alunos absorvem o conhecimento que passo para eles, não só de orientação didática, mas, sobretudo, na experiência de vida. Explico também para eles o que é a doença renal, como preveni-la e quais os tratamentos. Mostro que é possível manter qualidade de vida mesmo na adversidade.
Falar sobre a doença não é a minha função de professor, mas faço a minha parte. Tenho certeza que todos os meus alunos detêm um nível de conhecimento muito bom sobre doença renal crônica e repassam isso para as pessoas do seu relacionamento.
Nas últimas semanas conversei demoradamente com alguns pacientes renais que realizaram o transplante. Fiquei otimista e convencido a fazer o mesmo. Vou entrar em outra fase e Já me programei para ser candidato a receber um rim em 2016. Espero realizar este sonho com a equipe da Fundação Pró-Rim, em Joinville (SC).
Aliás, sobre a Fundação Pró-Rim, quero dizer que todos os profissionais merecem nota 10 pela dedicação, conhecimento técnico e humanização no tratamento dos pacientes renais. Toda a equipe multidisciplinar é comprometida com a missão de salvar vidas. Sempre ouço isso dos pacientes. Dedico confiança total na equipe que me trata e sinto-me agradecido e privilegiado em poder contar com este suporte que é referência no Brasil.
Depois do transplante, quero colocar em prática alguns projetos que estavam na gaveta. O principal deles é escrever um livro sobre temas ligados à matéria que ensino, especificamente auditoria. Também penso em assinar artigos sobre finanças em jornais da região.
Mas, em hipótese alguma vou deixar de trabalhar. Mesmo porque, sinto que agora, com toda a experiência, estou no meu melhor momento no ofício de ensinar. Também quero dizer que de certo modo, a doença renal influenciou muito no meu processo de amadurecimento e me transformou numa pessoa melhor.
.:Na foto: Professor Milanez e alunos durante colação de grau da turma:.