Marilda de Fátima Moreira, aposentada de 56 anos, mora em Fraiburgo, no Meio-Oeste Catarinense. Ela tem sete filhos e sempre se emocionava no Dia das Mães, com a casa cheia, ao receber tantas manifestações de carinho, presentes e beijos.
Mas, esta emoção tornou-se drama a partir de 2010. O filho Adenil envolveu-se em um terrível acidente de moto e foi hospitalizado em estado grave, correndo risco de morte. O amigo que estava com ele morreu na hora.
Para aumentar a tragédia familiar, Marilda descobriu naquele período que os seus rins estavam completamente comprometidos. A solução foi fazer hemodiálise. Com o tempo e graças à dedicação da mãe, o filho recuperou-se, mas ela continuava com o seu tratamento dialítico.
Em 29 de maio daquele ano, pouco depois do Dia das Mães, ela ganhou o maior presente que uma mãe poderia receber de um filho: o prolongamento da própria vida. – Um gesto maior que o amor. Uma ação divina – descreve. Com os olhos brilhando e um sorriso de gratidão, ela explica que naquele dia se submeteu a um transplante renal graças à generosidade do filho Adenil, inconformado com o sofrimento dela nas sessões de hemodiálise.
Ele doou um rim para a mãe, sem se importar com as consequências. Os outros irmãos, receosos com os efeitos colaterais, evitaram fazer os exames de compatibilidade. No entanto, a mãe garante que compreende o comportamento deles e nunca os criticou por isso.
“No começo eu não queria aceitar, porque imaginei que esse procedimento poderia afetar a saúde dele, depois do acidente”, explicou. “Afinal, era um jovem com pouco mais de 30 anos, casado e pai de dois filhos pequenos”, recorda, sem conter o choro.
O filho, no entanto, conseguiu convencê-la que ele estava bem e o transplante não poderia esperar mais. A cirurgia foi um sucesso. Marilda garante que a sua vida recomeçou e vai colocar em prática planos ousados. Pretende abrir um negócio e virar empresária. Embora o amor seja dividido por todos os filhos, igualitariamente, ela revela que sempre manteve um laço de carinho mais forte com Adenil, mesmo antes do transplante. “Ele sempre foi o mais afetuoso comigo”.
Emocionada, tenta explicar o que sente. “Não tenho como descrever o amor incondicional que sinto pelo meu filho abençoado. Quando dei a vida a ele, nunca imaginei que ele retribuiria desta maneira e seria o meu anjo da guarda, enviado por Deus para me salvar, ilustra”. Ela recorda que no dia do transplante passou um filme comovente pela sua cabeça.
“Quando se tem um filho assim, é a certeza que a vida vale à pena ser vivida”. No Dia das Mães deste ano, Marilda pretende reunir novamente os sete filhos para abraçar a todos e celebrar a data. Mas, admite que o abraço mais apertado está reservado para o seu anjo da guarda.