Meu nome é Luciane Martins, tenho 37 anos e aos 21 fui diagnosticada com insuficiência renal crônica. Esta condição deixou a minha vida de ponta cabeça e abalou muitos sonhos, culminando com o término do meu namoro. A partir de então, fiquei 10 anos em hemodiálise até ser transplantada. A esperança virou desencanto. A minha alegria durou pouco. Doze dias depois do transplante, o rim doado sofreu rejeição e então voltei para a máquina.
Mesmo com toda a tristeza, nunca deixei de acreditar que as coisas um dia pudessem melhorar para mim. Algum tempo depois, fui abençoada com uma nova oportunidade, um novo transplante, desta vez com sucesso. A minha condição física, a qualidade de vida e a auto-estima melhoraram. Mesmo assim, embora jovem, tomei a decisão de deixar de lado a vida sentimental, não criar expectativas e dedicar-me principalmente aos cuidados com a saúde.
Durante uma avaliação pós-transplante, na Fundação Pró-Rim, em Joinville, conheci Leandro de Lázaro, um paciente renal. Ele havia sido transplantado um ano antes de mim e estava no ambulatório pelo mesmo motivo que eu, ou seja, fazer os exames de manutenção. Já havia visto o Leandro algumas vezes na Fundação Pró-Rim, mas nunca tinha conversado com ele. Naquele dia, notei que algo o incomodava.
Ele disse que estava com dor de cabeça. Então, abri a bolsa, lhe ofereci um analgésico e passamos a conversar. A sua história era um pouco parecida com a minha. Contou-me que entre outras decepções, a doença também provocou o fim do seu casamento. Por conta da insuficiência renal crônica, Leandro estava aposentado e morava com a irmã em Joaçaba. Ele havia trabalhado boa parte da vida em um grande frigorífico da região. Eu residia com os meus pais em Itaiópolis, no Norte do Estado.
A doença nos aproximou mais e a afinidade aumentou, mas o relacionamento permaneceu apenas no campo da amizade. Certo dia o Leandro se ofereceu para me dar uma carona até Joinville, na consulta seguinte, que aconteceria nos próximos dias. Aceitei, pois a minha casa ficava no caminho para a Fundação Pró-Rim. No entanto, não acreditei muito porque ele nem perguntou o meu endereço. Então, tirou um pedaço de papel do bolso e mostrou o número do meu telefone que ele copiou da minha ficha, que estava no balcão de atendimento.
No dia marcado, o telefone toca e em poucos minutos ele chegou e foi logo pedindo permissão ao meu pai e a minha mãe, para viajarmos juntos. Confesso que pela primeira vez prestei atenção no cavalheirismo dele e na maneira carinhosa como me tratava. Conversamos o dia inteiro e me senti muito bem ao seu lado. Descobri uma pessoa alegre, generosa e com muita vontade de viver.
A gente nem havia começado a namorar, quando ele me surpreendeu com um estojo e mostrou um par de alianças, me pedindo em noivado, na presença dos meus pais. Perguntei se ele não precisaria de mais tempo para decidir sobre isso. A resposta foi: tempo é a única coisa que eu não tenho na vida. Na semana seguinte, alugamos uma casa em Itaiópolis e fomos morar juntos.
A nossa história não teve o glamour de amor à primeira vista e nem pode ser definida como um mar de rosas. Ela foi construída a partir do dia a dia, da força para viver, das descobertas e dos momentos simples que marcaram a união de duas pessoas diferentes, mas ao mesmo tempo tão semelhantes. O que sinto pelo Leandro é algo maior que amor. Reúne também cumplicidade, companheirismo, carinho e uma vontade imensurável de viver. Estamos juntos há cinco anos e tenho a impressão que sempre o conheci. Ele vive para me fazer feliz e eu também sinto necessidade de retribuir tanto amor.
Não temos grandes ambições na vida. Apenas buscamos o complemento da nossa felicidade. Neste planejamento, para 2018 queremos nos casar oficialmente e fazer uma festa bonita para a família e para os amigos. O mais importante de tudo, porém, é a possibilidade de eu engravidar. Quem me convenceu disso foi o Dr. José Aluísio, fundador da Pró-Rim. Segundo ele, muitas pacientes foram mães depois de transplantadas. Eu e o Leandro acreditamos nisso temos muita fé que ainda vai acontecer.
Graças ao Leandro, mantenho uma rotina ativa e produtiva. Criei uma pequena empresa que prepara alimentos para eventos e ele me ajuda muito. Também quero agradecer à família Pró-Rim por tudo o que fez por mim e pelo Leandro. Além do suporte médico, a Pró-Rim também foi o grande cupido na nossa história de amor. Salvou a nossa vida e ainda colocou a felicidade no nosso caminho.
Por tudo o que relatei e com a chegada do Dia dos Namorados, quero dizer ao Leandro que o amo muito e agradecer pelo sentido que ele deu à minha vida. Posso assegurar que mesmo diante das dificuldades que passei me considero feliz com a vida conquistada.
Somos um casal como qualquer outro, com seus problemas e alegrias. O que nos faz diferentes é a necessidade que temos de um cuidar do outro, o tempo inteiro, incondicionalmente.