Clara tem 12 anos e aguarda ansiosa pela volta às aulas. Ela sonha em ser estilista e criar roupas bonitas. Utiliza as suas 12 bonecas Barbie como modelos. Estuda na 6ª série, em uma escola municipal no bairro Jardim Paraíso, em Joinville/SC. Relaciona-se bem com todos, é alegre, vaidosa extrovertida, curiosa e inteligente, como as meninas da sua idade. No entanto, a história dela é diferente das coleguinhas de aula. Entre tantas limitações, Clara não consegue ir todo dia para a escola porque faz tratamento com diálise peritoneal (uma opção de tratamento através do qual o processo ocorre dentro do corpo do paciente, com auxílio de um filtro natural como substituto da função renal).
“Ás vezes, acordo com a pressão alta e sinto tontura. Então naquele dia eu fico em casa, porque a minha imunidade é baixa. Tem dia que melhoro e então vou mais tarde”, explica a menina. O pai, professor Marcos Soares, conta que quando a filha tinha cinco anos, foi diagnosticada com uma doença renal agressiva, a princípio controlada por medicamentos e em outro estágio foi obrigada a fazer diálise peritoneal. “Fiz transplante em 2015, mas teve rejeição. Agora entrei de novo na lista de espera para fazer outro transplante. Desta vez vai dar certo”, garante ela.
Clara aguarda a chegada de um curativo especial, impermeável, que lhe permitirá praticar natação sem infeccionar o local de saída do cateter. Também gosta de desenhar, andar de patins e dançar. Mas ela prefere mesmo é falar do seu sonho em ser estilista e para isso tem consciência que precisa estudar muito. “Mesmo faltando na escola, eu não fico atrasada com as matérias porque o meu pai dá todo o acompanhamento em casa”, explica a menina.
O pai dela é o professor Marcos, que trabalha na mesma escola em que a filha estuda. Para ele, Clara é uma guerreira que fez várias cirurgias e ficou por muitos meses internada em hospitais. “A minha filha é um exemplo de amor à vida, uma criança compreensiva, generosa, que passa uma energia contagiante, além de ser aderente ao tratamento, sempre com bom humor. Ela não se abate nem mesmo diante das maiores dificuldades e isso fortalece a todos nós que convivemos com ela”, finaliza o pai, emocionado.