É importante chamar atenção para um problema mundial: a obesidade infantil. Os médicos fazem este diagnóstico através do índice de massa corpórea (IMC), que é a divisão do peso pela altura ao quadrado.
Dados da ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome metabólica – mostram que é considerada Obesidade Grau I quando o resultado do IMC vai de 30 a 34,9, categoria II de 35 a 39,9 e III de 40 acima. De acordo com o Ministério da Saúde, uma em cada três crianças brasileiras sofre com a doença.
Rafaela Gonzaga, nutricionista da Fundação Pró-Rim, diz que as consequências da obesidade infantil podem estar relacionadas em diversos aspectos da saúde, seja na própria infância como na fase adulta. A especialista destaca a relação da obesidade com várias doenças, entre elas a diabetes e a hipertensão arterial, descritas como uma das principais causas da insuficiência renal crônica (IRC) que atinge mais de 700 crianças no Brasil, segundo o último senso realizado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN).
Segundo o nefropediatra da Pró-Rim, Dr. Artur Wendhausen, existem fatores de risco que são peculiares a IRC na infância, como síndromes, histórico familiar de doença cística renal, nefrite e nefrose. Porém os fatores como presença de obesidade, hipertensão e proteinúria, nas crianças, podem piorar ou estimular a progressão da doença.
“A obesidade e o sobrepeso sofrem influência de fatores biológicos, psicológicos e socioeconômicos. Mas os hábitos alimentares influenciam de forma marcante o balanço energético positivo das crianças”, destaca Rafaela.
Estes fatores estão relacionados ao estilo de vida da criança que mudaram junto com a dinâmica familiar. “Hábitos como não tomar café da manhã, jantar grande quantidade calórica, ingerir uma variedade cada vez maior de alimentos industrializados, consumir líquidos leves em excesso, mas calóricos e não praticar atividades físicas são prejudiciais e indutores de obesidade”, completa.
Neste caso, segundo a nutricionista, as preferências alimentares das crianças, assim como atividades físicas, são influenciadas diretamente pelos hábitos dos pais, sendo necessário a eles um estilo de vida saudável, pensando na saúde dos filhos.
Para o nefropediatra “está muito claro que hoje a ingestão acentuada de sódio, a baixa ingestão de água e a falta de atividade física regular têm influenciado no metabolismo das crianças, causando o surgimento de alterações da função renal e problemas cardiovasculares. Salgadinhos e alimentos industrializados estão entre os principais vilões”.
Desde a primeira infância com bons hábitos
A escolha por refeições e lanches saudáveis é sempre a melhor opção. Porém, Rafaela sugere que a própria criança escolha a quantidade que deseja comer destes alimentos. “Aos poucos estas escolhas tendem a fazer parte do cardápio preferido dos pequenos”, explica.
Estabelecer um ponto de saciedade, perigo. Quando as crianças são obrigadas a comer tudo o que é servido, elas podem perder o ponto da saciedade e isso estimula o consumo excessivo de outros alimentos não saudáveis.
Horário regulares para as refeições: café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde e janta. Na lista frutas, verduras, arroz, feijão, carnes magras e poucos alimentos industrializados e fritos.
Mais importante. “As crianças seguem padrões paternos e se eles não forem modificados haverá insucesso em qualquer tipo de tratamento”, finaliza a nutricionista da Fundação Pró-Rim.