Recentemente tem-se ouvido falar muito em andropausa e reposição de hormônio masculino (testosterona). Trata-se de um assunto que tem sido muito explorado tanto pelas indústrias farmacêuticas como pela imprensa e pela comunidade científica. Os motivos pelos quais este tema tem despertado mais atenção são, entre outros, o aumento da expectativa de vida da população e a diminuição dos preconceitos sobre a sexualidade do homem e suas alterações, fazendo com que mais pacientes procurem atendimento médico para informações e tratamentos sobre as disfunções sexuais.
Quando se fala em andropausa, ou Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM), devemos estar cientes que se trata de uma situação bem diferente da que ocorre com a menopausa nas mulheres, que sofrem uma queda brusca na produção de hormônios femininos, geralmente com faixa etária e quadro clínico bem definidos. No caso da diminuição dos hormônios masculinos, esta queda é, em geral, mais lenta e gradual, iniciando-se ao redor da 5ª ou 6ª décadas de vida, com sintomas menos específicos.
Podem ocorrer vários sintomas como: fraqueza, cansaço, alterações do sono, irritabilidade, diminuição da libido, ou mesmo alterações na qualidade das ereções e diminuição da freqüência das mesmas. É importante lembrar que, dos pacientes que se apresentam com diagnóstico de disfunção erétil ou impotência sexual, apenas uma minoria tem como causa uma diminuição significativa dos níveis de testosterona. Diversas outras situações podem causar esta impotência. Entre elas, diabetes, cardiopatias, diversas doenças crônicas, uso de medicações e, principalmente, as causas de origens psicológicas, relacionadas ao estresse e aos problemas que enfrentamos no dia a dia, seja no trabalho, na família ou mesmo na vida conjugal.
Na avaliação e no tratamento da andropausa, torna-se essencial a avaliação de um urologista, pois não podemos nos esquecer que o câncer de próstata, doença que tem o potencial de afetar até um em cada dez homens, é uma doença geralmente silenciosa e considerada “hormônio-dependente”, ou seja, necessita do hormônio masculino para continuar progredindo. Portanto, pacientes com mais de 40 anos, em especial aqueles em que se considera a possibilidade de tratamento com testosterona, devem ser submetidos a exames de toque retal e de PSA (exame de sangue que auxilia no diagnóstico de câncer de próstata). Sendo assim, este talvez seja o principal benefício do grande número de reportagens sobre a andropausa: levar mais homens à procura de ajuda do especialista e, consequentemente, proporcionar mais informações e diagnósticos precoces do câncer de próstata.
Por: Dr. Alexandre Ernani da Silva – Urologista – CREMESC 9252 – RQE 3792