A doença renal crônica é conhecida como a “Epidemia Silenciosa”, pois é uma doença que atinge principalmente as pessoas com hipertensão arterial sistêmica, diabete melito e glomerulonefrites, na maioria das vezes de forma lenta, progressiva, irreversível e o mais grave, quase sem sintomas.
No Brasil são cerca de 70 mil pessoas realizando hemodiálise. Apesar das condições de qualidade de vida, geralmente inferiores, o tratamento é de alta tecnologia e com necessidades de inúmeros medicamentos para melhorar a sobrevida das pessoas. A conseqüência disto é um elevado custo. São destinados cerca de 8% do orçamento da saúde da União para o tratamento dos pacientes com doença renal crônica terminal. Este valor ainda poderia ser maior se contabilizado viagens, transporte, INSS, medicamentos e internações hospitalares.
Uma nova perspectiva de visão deste problema está cada vez mais presente nas Sociedades Médicas envolvidas, no Ministério da Saúde e nas entidades voltadas para o cuidado do paciente renal como a Fundação Pró-Rim. A descoberta da doença através de um exame de creatinina e movimentos de conscientização da população parecem ser a melhor forma para realizar o diagnóstico da doença renal e de possibilitar o tratamento em estágios iniciais da doença, prolongando o máximo possível a entrada do paciente em hemodiálise.
Além disso, ações como educação e tratamento precoce das doenças de risco como hipertensão ou diabetes são formas de prevenir o surgimento da insuficiência renal. Educar Para Prevenir: este é o programa de sucesso que se realiza na Pró-Rim. Aulas em escolas para alunos da sétima e oitava série. Encontros em empresas, praças, comunidades mais distantes como de pescadores de Santa Catarina, associações de bairro, instituições públicas como na Câmara de Vereadores de São Paulo. É assim que podemos prevenir, promover saúde e salvar vidas.
Nestes encontros acontece o ensino onde se localizam os rins, quais as suas funções e como evidenciar sinais e sintomas de doenças renais. Um questionário é distribuído aos participantes que entrevistam familiares disseminando a informação da prevenção nas suas casas e colaborando com a identificação de pessoas que podem ter algum tipo de doença renal. Acredito que é uma excelente forma de levar saúde e bem estar para as pessoas através de uma linguagem acessível, com entusiasmo.
O programa se tornou símbolo regional de saúde e prevenção. Prevenção e ações para uma saúde global através da educação são partes da solução dos problemas de saúde da população. A ferramenta utilizada para demonstrar a importância em promover saúde e conseqüentemente diminuir os casos de doenças renais em todo o nosso país é uma soma de todas estas ações.
O que mais desejamos é que tudo isso transforme as ações das pessoas e que possamos ter um mundo mais saudável.
Por: Dr. Marcos Vieira – Nefrologista – CRM/SC 9.581