Leonardo ingeriu esses nutrientes por cinco anos e hoje faz hemodiálise.
“O meu objetivo, a princípio, era manter o corpo saudável com exercícios regulares na academia. No entanto, quanto mais eu adquiria massa muscular, aumentava o desejo de ficar cada vez mais forte. Isso era incontrolável e virou quase obsessão. Praticava musculação diariamente e ingeria suplementos alimentares a qualquer hora do dia e da noite. Com certeza essa combinação acabou por prejudicar irreversivelmente os meus rins. Se eu pudesse voltar no tempo, não teria consumido por conta própria, durante cinco anos ininterruptos, suplementos alimentares na forma de cápsulas, comprimidos, pó e líquido. Comprava tudo livremente em shoppings, estabelecimentos do ramo e até pela internet. Hoje tenho consciência do mal que fiz pra mim mesmo”.
A manifestação em tom de arrependimento é de Leonardo Schmidt, 37 anos, casado e pai de um filho de 16 anos. Ele é preparador de ferramentas de uma fundição em Joinville (SC). Em 2011, em exame laboral de rotina, Leonardo descobriu sangue na urina e, mesmo alertado pelos médicos, só procurou recursos em 2017, quando a pressão arterial apresentou quadro de alteração exagerada e ele foi impedido de praticar exercícios de musculação sem atestado médico.
Por conta do avanço da doença renal crônica, ele teve de iniciar o tratamento por hemodiálise em novembro de 2018 na Fundação Pró-Rim, em Joinville. “Pensei que só chegaria a esse estágio da doença a partir dos 60 anos. Fiquei assustado. Não estava preparado para enfrentar isso agora”, avalia o ferramenteiro.
Perigo para os rins
Fabiana Baggio Nerbass, nutricionista da Fundação Pró-Rim, esclarece que o uso de suplementos alimentares geralmente é recomendado aos atletas de alto rendimento, que precisam suprir a energia e nutrientes consumidos em treinamentos exaustivos, sempre com o acompanhamento de um profissional. Fora isso, diz, “basta ter hábitos alimentares saudáveis, com dieta equilibrada”.
Ela alerta que a legislação brasileira não trata a maior parte desses produtos como medicamentos e sim como se fossem alimentos. Isso estimula o consumo exagerado, sem qualquer controle, como se essas substâncias fossem inofensivas. “Não são. Elas podem resultar em graves consequências ao organismo, principalmente aos rins e ao fígado” adverte a nutricionista.
Leonardo Schmidt está se adaptando à hemodiálise. Conta que ficou muito triste no começo do tratamento. “agora já estou mais acostumado com essa nova realidade”. Mas o que ele quer mesmo é realizar o transplante de rim até o fim deste ano, retornar ao trabalho, pilotar a sua moto e poder viajar tranquilamente com a família.
Também faz recomendações muito importantes para quem frequenta academia: fazer exercícios moderados, não usar suplementos alimentares e solicitar ao médico o exame de creatinina. É simples, rápido e vai avaliar a potência dos rins. “Se eu tivesse feito isso, há alguns anos, provavelmente hoje não precisaria de hemodiálise”, reflete.
Setor de Comunicação
30/07/2019