A Fundação Pró-Rim promoveu no final de outubro, nas suas unidades de Santa Catarina e Tocantins, o Dia da Beleza, uma ação social que acontece todos os anos, para elevar a auto-estima dos pacientes renais. Neste período, diversos profissionais ligados à área estética, participam voluntariamente de corte, penteado, pintura e escova de cabelo, maquiagens, massagens de mãos, pés e rostos, manicure e consultoria de beleza.
Na unidade parceira da Fundação Pró-Rim, em Jaraguá do Sul, Giulia Pietra Depiné, uma manicure voluntária, chamou a atenção pelo carinho e dedicação aos pacientes. “Hoje não estou aqui como paciente. Vim para amenizar a dor das pessoas e trazer leveza para as suas vidas”, explica Giulia. Afinal, desde os três anos de idade, quando foi diagnosticada com uma doença que afeta diretamente os rins, ela passou a conhecer muito bem a rotina da hemodiálise e todas as complicações vividas pelos pacientes renais.
A partir de então, aprendeu a conviver com as limitações impostas pela doença. Aos sete anos iniciou as sessões de hemodiálise. Depois da euforia pelo tão esperado transplante, veio a decepção, quando o órgão foi rejeitado em apenas 20 dias. “Foi o dia mais triste da minha vida e chorei muito”. Mas nada disso desanimou a garota alegre e nem a distanciou dos seus sonhos. Ela prefere não falar de doença. Gosta de cantar e sorrir, onde quer que esteja. “Se existe algo que me identifico muito bem, chama-se superação”, enfatiza Giulia.
Ela passou a infância e adolescência dependendo de máquinas, medicamentos e acompanhamento profissional. Mesmo assim, se considera feliz e agradecida por tudo o que aconteceu com ela, principalmente por estar viva e atuante, ao lado do marido e da família. Em 2010, quando ela estava com 14 anos, a equipe da Fundação Pró-Rim realizou o grande sonho da garota e a levou para conhecer o cantor Luan Santana, após um show em Blumenau.
Ela guarda o vídeo e recordações daquele dia. A jovem completou 19 anos, está casada e aprendeu a conciliar as atividades da casa e do trabalho com os cuidados para controlar a doença. Entendeu que o ofício de deixar as pessoas mais bonitas e confiantes, a deixa muito mais feliz. Por isso, a profissão de manicure é exercida sempre com bom humor e muito carinho. “Sinto que passo uma energia boa quando seguro a mão das pessoas”, assegura.
Mesmo com desgaste físico, ela trabalha após as sessões de hemodiálise e encara tudo com naturalidade. “É a minha vida gosto dela e procuro fazer tudo da melhor maneira possível”. Ainda assim, há muitos planos para o futuro, revela Giulia. O principal deles é realizar novo transplante no começo do ano que vem. O rim vai ser doado pela irmã mais velha. “Desta vez não vai haver rejeição, porque esta história está recheada com muito amor e vontade de viver”, diz a jovem emocionada.