Em pouco tempo, após completar 19 anos, Bruna Renata Mundt Mechalczuk viu a sua vida mudar completamente. As prioridades agora são outras. Teve que repensar os seus sonhos imediatos, dar um tempo no curso de enfermagem da faculdade, deixar de viajar, recusar festas e adaptar-se aos novos e difíceis tempos. Ela descobriu a doença renal e todas as consequências para levar uma vida comum à maioria das pessoas da sua idade. Ao contar a sua história, enquanto espera pelo transplante, Bruna decidiu, em primeiro lugar, homenagear a sua mãe Margarete Mundt , 52 anos, neste domingo, que ela considera uma data santificada.
Amor de Filha
“A minha mãe é tudo para mim. Ela sempre me acompanha em todos os momentos da minha vida. É uma guerreira, me leva e busca na hemodiálise. É extremamente dedicada. Se estou bem, sinto que ela também fica bem. É companheira, está sempre à disposição para tudo o que eu preciso, é uma pessoa incrível, que tenho a maior admiração em todos os aspectos. Honesta, determinada, tem uma humildade que nunca vi igual em outra pessoa. Ela encanta porque é muito verdadeira, espontânea, simpática. O sorriso dela é contagiante, admiro tudo o que ela faz. E agradeço todos os dias por ser sua filha. É uma benção na minha vida e faz tudo para tornar a minha vida melhor. Amo minha mãe de forma incondicional. No Dia das Mães, vamos passar o dia inteiro juntas. Ela quer preparar um almoço especial. Com certeza vamos recordar os melhores momentos das nossas vidas”, diz emocionada Bruna.
Pandemia
A jovem nasceu em Cacoal, Rondônia. Tem 21 anos e é solteira. Ela conta que perdeu a função renal quando tinha 19 anos. Em plena pandemia, iniciou a hemodiálise na Fundação Pró-Rim, por recomendação de um tio que mora em Joinville (SC). “Vim para uma consulta com o objetivo de avaliar a função renal e entrar na lista para um transplante. Quando os meus rins reduziram a capacidade para apenas 10 por cento, no mesmo dia fui encaminhada para iniciar a hemodiálise”, relata Bruna. Ela lembra que naquela época a pandemia estava no ápice e tudo era difícil: “Transplantes suspensos, o medo de contrair a Covid e toda a insegurança dos pacientes renais com a situação assustadora”, relembra.
Bactéria
“Como havia a pandemia, voltei para Rondônia e em outubro do ano passado retornei a Joinville para fazer os exames, que revelaram uma bactéria do cateter que afetou a perna, atrofiou o nervo, impedindo-me de caminhar. Por conta disso, fiquei internada por 35 dias no Hospital Regional de Joinville. Calculei em ficar só uma semana. Mas devido ao imprevisto, a médica me convenceu a permanecer na cidade e continuar o tratamento, para aguardar a possibilidade do transplante”, descreve Bruna Renata.
Vida Nova
Ela conta ainda que a expectativa do transplante é a melhor possível. “Quero ter mais qualidade de vida, porque não é fácil ficar na máquina de hemodiálise três vezes por semana. Sou jovem e tenho muitos sonhos para realizar. O transplante é o que mais desejo neste momento. Pretendo terminar a minha faculdade de enfermagem (tive que trancar a matrícula por causa do tratamento). Também quero aproveitar e curtir muito a minha vida, que está apenas começando”.
Esperança
Para a mãe Margarete, Bruna é uma filha amorosa e muito forte. “Ela nunca foi de incomodar, sempre quietinha, educada. Nunca me deu trabalho, apesar da doença. Ela já passou por muita coisa nessa vida e superou todas”, afirma. A agente comunitária de saúde, atualmente afastada das atividades para acompanhar a filha no tratamento, conta que o começo foi muito difícil. Bruna teve muita dificuldade para se adaptar à hemodiálise e a distância da família tornava o processo mais solitário. “Com o tempo fomos nos aproximando dos vizinhos e a comunidade da igreja. Conseguimos fazer amizade com muita gente boa que sempre nos ajuda e faz companhia”.
Margarete não vê a hora da filha voltar a ter uma vida tranquila. “Meu sonho é ver ela feliz, saudável e formada. Ver ela lutando e sendo forte me faz ser forte também. Por ela”, conclui.
Leo Saballa — Comunicação Pró-Rim