Fundadores e Presidente falam sobre a história e perspectivas de futuro da instituição
A Pró-Rim está comemorando 35 anos de fundação neste dia 22 de dezembro de 2022. A instituição que hoje conta com 3 unidades em Santa Catarina (Joinville, Balneário Camboriú e São Bento do Sul) e 2 no estado do Tocantins (na capital Palmas e em Gurupi) começou com uma máquina de hemodiálise alocada no Hospital Municipal São José, em Joinville (SC). Referência nacional em tratamentos e transplantes renais, a Pró-Rim realiza anualmente mais de 100 mil sessões de hemodiálise e já realizou quase 2 mil transplantes de rim.
Fundada em 1987 pelos médicos nefrologistas Dr. José Aluísio Vieira e Dr. Hercilio Alexandre da Luz Filho, a Fundação é presidida atualmente pelo também médico nefrologista, Dr. Marcos Alexandre Vieira.
Relembrando esses 35 anos de história, os fundadores e o atual presidente falaram de momentos marcantes da Fundação, os desafios de oferecer um tratamento humanizado e multidisciplinar e as alegrias de histórias de sucesso vividas com os pacientes.
Olhando tudo o que foi feito e conquistado nesses 35 anos, qual a sensação (profissionalmente falando)?
Dr. José Aluísio: Olhando todo o panorama dos 35 anos, eu acho que nós tivemos uma vitória espetacular, porque hoje a Fundação Pró-Rim é a maior instituição no gênero para pacientes renais no país. E isso nos dá a sensação de ter uma grande importância na sociedade.
Dr. Hercilio: Eu tenho certeza absoluta que vamos deixar um legado para os novos médicos e novos dirigentes que estão vindo. A Fundação começou numa folhinha de papel, num estatuto que nós aos poucos, com muita luta, muita determinação, coragem e ética, conseguimos levar adiante. Não foi fácil. Precisamos da ajuda de muitas pessoas, uma equipe altamente comprometida com a Fundação Pró-Rim.
Dr. Marcos: A Fundação tem uma história muito bonita de realizações em prol dos pacientes renais, a construção de uma missão, um propósito que faz diferença na vida das pessoas. A partir do momento que você começa a trabalhar pensando no paciente, buscando soluções para um melhor tratamento para que ele tenha uma vida com qualidade é desafiador, mas gera satisfação porque você realmente faz a diferença na vida dessas pessoas. A Pró-Rim atravessa barreiras com a sua mensagem para os mais diferentes ambientes em que o paciente se encontra. Agora com a internet chegamos a diversos pontos do país e do mundo. Ela não fica em uma bolha. É um trabalho feito a muitas mãos querendo fazer sempre o melhor na essência de cuidar das pessoas.
Qual o principal desafio da Fundação Pró-Rim atualmente?
>>Dr José Aluísio e Dr Hercilio na construção da unidade Vida Center em Joinville em 1994 e a unidade atualmente
Dr. José Aluísio: Tornar-se conhecida. Porque assim muita gente vai querer vir se tratar aqui pela qualidade dos serviços que ela oferece; pela qualidade das pessoas que trabalham aqui, pelo número de mestres e doutores, mesmo não sendo uma instituição acadêmica. Metade dos nossos transplantes são de fora de Santa Catarina: do Acre, Amapá, etc. Se nos empenharmos mais em tornar a Fundação conhecida, vamos crescer cada vez mais. Dr. Hercilio: Como sempre foi, o principal desafio é mantê-la financeiramente. Nós dependemos do nosso trabalho da diálise que é recompensado pelo Ministério da Saúde, mas que não é o suficiente para a gente fazer o trabalho que a gente faz. Todo mundo que chega aqui nota duas coisas: a primeira é o sorriso que elas recebem. A segunda coisa é manter o padrão de qualidade que a gente tem: a qualidade do serviço, dos produtos, as melhores marcas, máquinas boas e modernas, etc. O trabalho altamente eficiente que a gente mantém a todo o custo.Dr. Marcos: A Fundação Pró-Rim tem seus desafios do dia-a-dia de manter a sustentabilidade dos tratamentos de saúde para quem mais precisa. Todos sabem que o SUS é um sistema importante e relevante na vida de mais de 75% dos brasileiros. Mas que ele tem suas deficiências, sobretudo do ponto de vista orçamentário. O modelo instituído para a Fundação é fundamental para que se consiga melhorar o tratamento dos pacientes. Nossa escola — o IPREPS — tem o desafio de ser ampliada, formar mais alunos e ajudá-los a entrar no mercado de trabalho. Ela é um orgulho, porque nossos alunos estão nos mais diversos hospitais, enfrentaram a pandemia e ajudam também os pacientes renais. Outro desafio é fazer com que a sociedade continue participando e ajudando a Fundação Pró-Rim. Nós temos um processo de captação de recursos que está mudando os processos acompanhando as tecnologias. Queremos melhorar nossa infraestrutura, ampliar a base de tratamento, trazer novas tecnologias — sempre com o paciente renal no centro dessa busca. Hoje precisamos ampliar a unidade de Palmas, reformar a Unidade de Balneário Camboriú e fazer uma ampliação significativa na unidade Matriz de Joinville. Com certeza isso vai ajudar muito os nossos pacientes.
Quando imaginou a Pró-Rim, vislumbrava o que ela é hoje?
Dr. José Aluísio: O objetivo era criar uma fundação que possibilitasse às pessoas terem acesso ao tratamento. Então nós estudamos várias formas de ter uma instituição que oferecesse isso. Conversamos com os empresários de Joinville para saber qual a melhor forma e optamos pela Fundação, porque assim poderíamos receber recursos tanto privados quanto públicos que seriam destinados única e exclusivamente para o tratamento dos pacientes. Hoje estamos entre as 10 instituições que mais fazem transplantes no país. Dr. Hercilio: Conseguimos 90% do que foi programado. A única coisa que realmente não conseguimos fazer do projeto original foi o nosso hospital. Mas eu sempre digo que tem as gerações futuras. Nós demos uma grande alavancada na Fundação Pró-Rim que hoje é referência nacional em nefrologia e transplantes. Infelizmente por falta de reajustes nós não conseguimos verbas suficientes para construir o nosso hospital. Mas não vejo isso como uma frustração, eu vejo como um desafio para as futuras gerações de médicos que estão vindo aí e possam tornar esse sonho completo.
Nessas mais de 3 décadas, certamente houveram histórias marcantes e emocionantes. Poderia citar um acontecimento que te marcou?
Dr. José Aluísio: A história mais bonita da minha carreira de médico foi lá no começo dos transplantes. Nós tínhamos uma paciente de 17 anos de Jaraguá do Sul. Na época, ela tinha que vir a Joinville 3 vezes na semana pra fazer a hemodiálise. A mãe dela veio falar comigo um dia, queixando-se que ela estava muito doente e muito magrinha. Ela pesava 33kg só. E me perguntou o que ela poderia fazer para que a filha pudesse melhorar. Sugeri o transplante renal, que na época estava no começo ainda, mas já havíamos feito um aqui em Joinville. Ela perguntou “Quando nós vamos fazer?”. Ela não quis saber de mais perguntas.
“A cirurgia foi realizada em 1980. Foi conquistado uma parceria com um empresário de Jaraguá do Sul para o custeio da sala cirúrgica. O procedimento foi realizado gratuitamente pela equipe médica. O transplante da paciente durou 26 anos. Nessas quase 3 décadas, ela conseguiu ter uma filha e uma neta. Isso é espetacular. Essa é a história que eu lembro com mais emoção.”
Dr. Hercilio: Já tive vários pacientes que são muito agradecidos ao nosso trabalho. Mas eu poderia citar a Eva Lozeiko que começou conosco há 35 anos. Ela é uma pessoa extremamente agradecida à Fundação. Ela construiu sua família e viu seus filhos e netos crescerem e sempre que conversamos, ela não economiza em agradecer ao trabalho da Fundação Pró-Rim. Hoje ela é um dos muitos símbolos de sucesso que temos da Fundação Pró-Rim, porque ela é uma pessoa que tem uma gratidão enorme pela gente.
“A nossa profissão nesse ramo da nefrologia é muito dura, mas a gratidão que os pacientes demonstram por nós, nos dá a sensação de missão cumprida. Isso é o que recompensa a nossa profissão e nos faz exercê-la com muito amor. A vida é feita desses bons momentos quando a gente vê a felicidade estampada no rosto do nosso paciente.”
Dr. Marcos: Tem inúmeras histórias de pacientes que ajudamos com o tratamento, o transplante, por meio da Associação dos Pacientes renais. Eu tenho muito orgulho de ter ajudado a levar a Fundação Pró-Rim para o estado do Tocantins que tinha uma deficiência no oferecimento de tratamentos renais. Eu me sinto realizado quando penso nisso. Nós participamos do processo de instituição da Nefrologia Intervencionista como um dos marcos do nosso país levando esse conhecimento e ensino específicos.
"O que a medicina mais nos ensina é que você pode fazer o melhor pelas pessoas quando você tem outras trabalhando junto com você."
O que esperar da Pró-Rim nos próximos 35 anos?
Dr. José Aluísio: Eu espero estar aqui. Talvez não nessa dimensão, mas quero estar aqui trabalhando, protegendo. A vontade de servir faz com que você viva mais. Eu tenho 82 anos, 57 de medicina, 40 de nefrologia e 35 anos de Pró-Rim e eu não posso ficar sem vir aqui na Fundação. Acho que todos quando começam a trabalhar aqui e conhecem o olhar da Pró-Rim pelo paciente, acabam se apaixonando e dedicam-se de corpo e alma ao trabalho. A Fundação é o que é hoje por causa dessa gente. Não se faz nada sozinho. Nos próximos 35 anos devemos ser maiores e melhores, porque o mundo hoje é mais veloz, mais exigente e mais tecnológico. E nós temos que acompanhar isso.
Dr. Hercilio: Espero que as pessoas consigam dar continuidade a este trabalho e mantenham principalmente a missão da Pró-Rim que é salvar vidas. Ela é feita para as pessoas que precisam de vida. Impossível contabilizar quantos pacientes salvamos em função da máquina de hemodiálise. O Sr Santana, por exemplo, viveu 35 anos conosco e dizia que a Máquina de Hemodiálise era sua amiga e o fez se tornar homem (pois começou o tratamento muito jovem, aos 26 anos) e criar seus filhos. Ele pedia muito a Deus pra conseguir ver a filha dele completar 15 anos e ver sua neta crescer. E ele conseguiu tudo isso.
“Eu sempre gosto de enaltecer também o papel das Enfermeiras e Técnicas de Enfermagem da Fundação. Elas são o braço forte da Pró-Rim e são as primeiras pessoas que pegam firme quando o paciente chega. Eu tenho muita gratidão por elas, além do pessoal da limpeza que na nossa avaliação interna é o mais bem avaliado. Eu tenho uma forte consideração por eles. Sem esse pessoal, e o pessoal da multidisciplinaridade, seria impossível a gente chegar onde chegou.”
Dr. Marcos: O IPREPS tem o objetivo de ampliar as suas atividades abrindo uma unidade em Balneário Camboriú, fortalecendo o ensino a distância, além dos cursos de qualificação no que a gente faz de melhor que é na área renal, levando a nossa missão para o Brasil inteiro. Eu tenho a ideia de que possamos construir ao longo dos próximos anos os nossos cursos de graduação e pós-graduação, tornando a Pró-Rim uma instituição ainda mais forte no espírito de cuidar do próximo. Eu penso que nos próximos 35 anos a Fundação estará ainda mais sólida, sempre com grandes desafios.
“Não existe mar tranquilo para quem quer fazer a diferença na sociedade. Existe um norte que é o seu propósito, a sua missão. Em 35 anos, a tecnologia, prevenção, medicações vão evoluir muito. Eu acredito que a Pró-Rim vai participar de todos esses processos de evolução.”
Que mensagem gostaria de deixar para os colaboradores que estão conosco e os que trabalharão com a gente no futuro?
Dr. José Aluísio: O amor é o combustível da esperança. Nós aqui tratamos de ter esperança de vida. Nossa esperança é a vida. E essa esperança só existe se houver amor.
Dr. Hercilio: Eu gostaria que mantivessem a missão de salvar as pessoas. Essa missão nunca pode ser esquecida. Dar a essas pessoas um tratamento digno para que tenham confiança no nosso trabalho e lutem cada vez mais para manter nossos programas de qualidade. Que mantenham esse amor pela Fundação Pró-Rim e nunca esqueçam que ela foi feita para salvar as pessoas e minimizar a sua dor. Fazer o possível para mantê-las dentro de uma condição de saúde que as façam se sentir úteis. A gente nunca pode esquecer isso. Nossa obrigação é servir as pessoas. Espero que isso continue por longos anos.
Dr. Marcos: Temos uma “Cápsula do Tempo" no espaço do Vida Center, a qual foi feita para comemorar os 30 anos da Pró-Rim e que será aberta em 2035. Faltam 12 anos para saber como estávamos 20 anos antes. Olhando pro futuro, eu preciso fazer algumas ponderações importantes: Eu espero que a Pró-Rim se mantenha sempre nesse propósito de salvar vidas. Servir de uma maneira diferenciada com um objetivo de fazer a diferença na vida das pessoas. A Pró-Rim faz a diferença para a sociedade e isso faz com que consequentemente a tua missão se torne maior. Quando você busca servir a sociedade, ajudar as pessoas, isso volta pra todo mundo. Isso que faz a diferença. Se eu puder falar para as pessoas daqui 35, 70, 100 anos é: continuem servindo, ajudando e fazendo a diferença na vida de alguém.
Fernando Rodrigues
Comunicação Pró-Rim